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Nº 5828
Opinião

Juros nas alturas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), manteve a taxa de juros básica (Selic), em 26,5% ao ano. A medida, embora não tenha surpreendido aos analistas econômicos, suscitou críticas de empresários, economistas e políticos. Merecido

Por | Edição do dia 24/05/2003 - Matéria atualizada em 24/05/2003 às 00h00

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), manteve a taxa de juros básica (Selic), em 26,5% ao ano. A medida, embora não tenha surpreendido aos analistas econômicos, suscitou críticas de empresários, economistas e políticos. Merecido destaque teve a grita do vice-presidente da República, empresário José Alencar, que tem consolidado como um “radical do desenvolvimento”, por meio de sua crítica contumaz aos juros altos. As pressões desencadeadas por estes setores e personalidades não foram suficientes, porém, para que o BC sinalizasse noutra direção. As informações preliminares de que o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do governo Lula teve crescimento em torno de 1%; a alta do desemprego pelo quarto mês consecutivo, e as boas notícias dando conta da consistente queda da inflação medida por todos os índices oficiais, não foram considerados indicativos suficientes para que Banco Central iniciasse uma cautelosa diminuição na taxa de juros. Novamente fica claro que, da mesma forma que o BC aumentou em meio ponto percentual a taxa básica de juros (de 26% ao ano para 26,5%), o principal motivo alegado (a volta da inflação) estava ligado à pressão nos preços decorrentes do câmbio e à elevação dos juros. Na ocasião, aquele aumento não se justificaria em termos de política monetária. Não estava havendo uma pressão nos preços por aumento da demanda, que era e continua baixa. A decisão de aumentar os juros (desde a primeira vez) e mantê-los nos mesmos níveis agora, não tem relação direta com os resultados econômicos. É uma decisão política com endereço certo: os investidores. O Banco Central – no governo Lula – continuará sendo o guardião da ortodoxia monetária, tão do agrado do mercado. Não por acaso, a Bolsa de Valores de São Paulo subiu 2,26% depois da notícia de que a taxa Selic estava mantida. No atual governo, como no governo anterior, o time dos especuladores continua ganhando de goleada contra o time dos desenvolvimentistas. Não seria hora de se começar uma virada?

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