Voca��o � santidade
DOM JOSÉ CARLOS MELO, CM * Com freqüência, surge em nosso meio cristão um grande questionamento quando o assunto é santidade e pergunta-se: O que é ser santo? Em que consiste a santidade? A antropologia teológica, ou seja, o estudo do homem diante de
Por | Edição do dia 25/05/2003 - Matéria atualizada em 25/05/2003 às 00h00
DOM JOSÉ CARLOS MELO, CM * Com freqüência, surge em nosso meio cristão um grande questionamento quando o assunto é santidade e pergunta-se: O que é ser santo? Em que consiste a santidade? A antropologia teológica, ou seja, o estudo do homem diante de Deus ajuda-nos na resposta quando nos afirma: Todo homem é chamado à comunhão com Deus, independentemente de sua condição ou identificação religiosa. E esta comunhão é um convite à santidade que exige de nós uma resposta dentro da liberdade que nos foi concedida como elemento constitutivo do ser humano. Respondendo sim, cumprimos a vontade de Deus e assumimos este plano de amor, e, respondendo não, afastamo-nos do criador e caímos no pecado que é negação do homem a Deus. O apóstolo João apresenta-nos esta vocação à comunhão com estas palavras muito expressivas: ...o que vimos e ouvimos, vo-lo anunciamos para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com o seu filho, Jesus Cristo. E isto vos escrevemos para que nossa alegria seja completa(1 Jo 1; 3,4). A constituição Dogmática do Concílio Vaticano II Lumen Gentium (Luz dos Povos) apresenta a Igreja como indefectivelmente santa (n. 39). Também afirma que o próprio Jesus Cristo pregou a santidade de vida da qual ele mesmo é o autor e o consumador, dizendo: Sede, portanto, perfeitos, assim como também vosso pai celeste e perfeito (Mt. 5;48). Daí, os seguidores de Cristo são chamados por Deus, não por suas obras, mas segundo seu desígnio e sua graça. Por esse motivo, somos justificados pelo Senhor Jesus e pelo batismo da fé nos tornamos verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e, portanto, realmente Santos. Importa relembrar, segundo a mesma Lumen Gentium, que a santidade consiste na perfeição da caridade, e o verdadeiro discípulo de Cristo se distingue pelo amor a Deus, como pelo amor ao próximo. Portanto, santo não é fazedor de milagres ou rezador como erroneamente pensam alguns, embora a oração seja meio eficaz para a santidade. Com efeito, a caridade como vínculo de perfeição e plenitude da lei, rege, informa e conduz ao fim de todos os meios de santificação. Por isso mesmo, ela ordena harmoniosamente a prática e a vivência de todas as virtudes até o heroísmo. Como São João, o discípulo amado, podemos dizer que o caminho que conduz à santidade é a caridade: Deus é caridade e quem permanece na caridade, em Deus permanece e Deus nele (1 Jo 4;16). Deste modo, a caridade é ao mesmo tempo o caminho que conduz à santidade e a expressão da mesma santidade. Mas não podemos esquecer que a humildade é o fundamento da santidade,colocando-nos na escola de Jesus: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. A teologia nos ensina que a santidade é una, mas deve ser cultivada segundo a vocação de cada um. Assim, movidos pelo Espírito de Deus, os fiéis cultivam nos vários gêneros de vida e ofícios uma única santidade. Isto significa que eles seguem a Cristo pobre, humilde e carregado com a cruz, para que mereçam ter parte na sua glória. O objetivo geral das novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora neste quadriênio nos propõe exatamente, entre outras coisas: anunciar Jesus Cristo, caminho para a santidade. (*) É ARCEBISPO METROPOLITANO DE MACEIÓ