Mortes violentas
HUMBERTO MARTINS * A formação (educação, de modo geral, e treinamento inadequado) insuficiente de grande parte dos motoristas, a fiscalização imperfeita, o mau estado das vias públicas e a crescente capacidade de a maior parte dos veículos desenvolver al
Por | Edição do dia 27/05/2003 - Matéria atualizada em 27/05/2003 às 00h00
HUMBERTO MARTINS * A formação (educação, de modo geral, e treinamento inadequado) insuficiente de grande parte dos motoristas, a fiscalização imperfeita, o mau estado das vias públicas e a crescente capacidade de a maior parte dos veículos desenvolver altas velocidades são algumas das maiores causas de acidentes no Brasil e no mundo. Com o agravante, entre nós, das repartições incumbidas de controlar o trânsito não disporem dos recursos suficientes para a execução das suas tarefas, ou de disporem de recursos e não os aplicarem de maneira adequada. Isso ocorre apesar do muito que os indivíduos e as empresas proprietárias de veículos pagam de impostos e taxas. Os acidentes de trânsito, que ceifam quatro vezes mais vidas do que as guerras, - segundo levantamento da OMS, Organização Mundial de Saúde, feito no ano de 2000 mas só agora divulgado são apenas um capítulo das mortes violentas. Detalhe impressionante do levantamento é que 90% dos acidentes ou incidentes que resultam em mortes acontecem em países pobres. Os homens morrem, no trânsito, três vezes mais que as mulheres. Acidentes de trânsito são responsáveis pelo maior número de mortes violentas 1,26 milhão no ano 2000. Os suicídios 815 mil - vêm em segundo lugar, e os assassinatos em terceiro, com 520 mil ocorrências. As mortes resultantes de guerras e conflitos, que tanto aparecem na mídia, vitimaram 310 mil pessoas. A morte e a deficiência física têm sérias implicações para as vítimas, suas famílias e outros dependentes; redução da qualidade de vida, sofrimento e pobreza. Em termos econômicos, os custos com cirurgia, internamento prolongado e longa reabilitação das vítimas representam dezenas de bilhões de dólares todos os anos, segundo Gro Harlem Brundtlandt, diretor-geral da OMS. Idade, gênero, área geográfica e renda são importantes no que se refere à localização e número de ocorrências fatais. Homens morrem em episódios de violência duas vezes mais que mulheres. No que se refere especificamente a acidentes de trânsito e assassinato, a proporção é de três para um, favorável ao sexo feminino. Dois continentes onde existem grande número de países subdesenvolvidos, África e América à exceção de Canadá e Estados Unidos têm números distintos, segundo o levantamento da OMS, no que se refere a mortes violentas. Na África morrem mais os homens, e na América, mais as mulheres. Segundo a sra. Etiene Krug, que coordenou a pesquisa da OMS, é mais fácil reduzir o número de mortes no trânsito do que aquelas decorrentes de homicídios e suicídios. Entre as crianças de 5 a 14 anos, os acidentes de trânsito são a segunda maior causa da morte, superada apenas pelo sarampo e outras enfermidades típicas de meninos e meninas. O conhecimento dos motivos de tantas tragédias é um instrumento para evitá-las, segundo a OMS. A vida é o maior de todos os bens numa escala de valores, onde todos nós devemos buscar uma melhor qualidade no viver diário, sobretudo para evitar precocemente a morte e muito mais, ainda, de forma trágica ou violenta. (*) é desembargador do TJ/Alagoas