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Por | Edição do dia 30/05/2003 - Matéria atualizada em 30/05/2003 às 00h00
PE. CELSO ALÍPIO MENDES SILVA * Jean Vanier é fundador da Arche, rede internacional composta de mais de 100 comunidades em 30 países, para pessoas portadoras de deficiências mentais. Na sua experiência com essas pessoas, ele descobriu as bases humanas da espiritualidade, da integridade e da sacralidade. Todos nós somos parte de algo maior do que nós. Todos fluímos de uma fonte insondável e estamos caminhando para ela, levando conosco a luz da verdade e do amor. Os infinitos anseios do nosso coração nos chamam para estar em comunhão com o Infinito. Deus é amor e a fonte do amor. Santo Tomás de Aquino faz uma afirmação lapidar na Summa Theologica: É próprio de Deus usar de misericórdia e é especialmente nisso que se manifesta sua onipotência. O Senhor é tão cheio do amor misericordioso que nos fala pelo profeta: Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais minha misericórdia se apartará de ti e o meu pacto de paz vacilará (Is 54; 10). E a misericórdia se torna ternura, a tal ponto de o Senhor se manifestar em Isaías 49; 15: Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu jamais te esqueceria. Aprendemos a amar na escola do nosso Deus. Por isso, Jesus nos chama de amigos porque nos deu a conhecer tudo aquilo que recebeu do Pai. Segundo a revelação de Jesus, estamos claramente voltados para dirigir nossa resposta de amor ao amor de Deus, sob a forma de caridade pelo próximo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo 15; 12). O amor do irmão nos leva a revelar o seu valor e a sua beleza. Amar não é apenas fazer algo pelo outro, mas revelar ao outro sua própria singularidade, comunicando-lhe, assim, que ele é especial e digno de atenção. Expressamos esta revelação por meio de nossa presença aberta e gentil, pela maneira que olhamos e escutamos uma pessoa, pelo modo como falamos com ela e cuidamos dela. As duas atividades básicas que a vida exige são: cultivar o cuidado e alimentar a ternura. Dom Tepe afirmou que a ternura materna é o elixir da vida sadia para todo novo ser humano que entra no mundo. A ternura pelo próximo nos faz exercer a capacitação. Não se trata apenas de fazer coisas para os outros, mas de ajudá-los a fazer coisas para si mesmo, ajudá-los a descobrir o sentido de sua vida. Amar significa capacitar. Madre Teresa de Calcutá foi e continua sendo uma das figuras mais significativas do nosso tempo. Sua congregação conta com três mil irmãs, vivendo em 303 casas, espalhadas por 75 nações. Ela compreendeu o mandamento de Jesus e o objetivo da sua comunidade religiosa consiste em aplacar a sede infinita de amor de Jesus Cristo com a profissão de fé dos conselhos evangélicos e com o serviço generoso e gratuito para com os mais pobres dentre os pobres, segundo o ensinamento e a vida de nosso Senhor, expressos no Evangelho, ensinamento e vida que revelam de modo único o reino de Deus. O amor, expresso com termo evangélico de caridade, é o elemento diferenciador das freiras de madre Teresa. Ela quis que suas irmãs se ligassem a Deus também com o voto da caridade. Nós, explicou madre Teresa, nos comprometemos com o voto ao serviço dedicado e gratuito a todos os deserdados. Este voto implica não podermos aceitar nenhuma recompensa pelo trabalho que fazemos. O amor fez desabrochar as comunidades da Arca e das missionárias da caridade. Na vivência da caridade cristã, faremos construir a civilização do amor. * É PÁROCO DA CATEDRAL