Quase parando
Os resultados sobre o desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre de 2003, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não foram nada animadores, como a maioria dos analistas econômicos já esperava. Houve queda do
Por | Edição do dia 01/06/2003 - Matéria atualizada em 01/06/2003 às 00h00
Os resultados sobre o desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre de 2003, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não foram nada animadores, como a maioria dos analistas econômicos já esperava. Houve queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,1% em relação ao último trimestre de 2002 e crescimento de 2% com relação ao mesmo período daquele ano, quando estava em vigor o racionamento de energia. Encarada sobre qualquer ângulo tanto da retração de 0,1% quanto do crescimento de 2% - o desempenho da economia brasileira nos três primeiros meses do ano é pífio. É o resultado do maior arrocho fiscal empreendido pelo governo federal nos últimos 12 anos. O superávit primário (receitas menos despesas, exceto pagamento de juros) atingido no quadrimestre foi de R$ 32,683 bilhões, 59,27% superior ao alcançado no mesmo período de 2002. A combinação de um formidável arrocho fiscal com uma das taxas de juros mais elevadas do mundo não poderia proporcionar outro resultado, que não esse: o País estagnado e sem perspectivas de, a médio prazo, retomar o crescimento nos níveis necessários para recuperar o tempo, ou a década perdida. Para quem duvida, no primeiro quadrimestre do ano, o Brasil pagou cerca de R$ 51 bilhões de juros, contra pagamentos de R$ 30 bilhões no mesmo período do ano passado. O manifesto divulgado por 30 parlamentares do PT, pedindo crescimento já se insere nas inquietações de largos setores da sociedade, que não conseguem disfarçar o mal-estar causado pela política econômica recessiva do governo Lula. Às pressões por mudanças, as autoridades econômicas têm respondido ser necessário a manutenção das altas taxas de juros para evitar a volta da inflação e para manter a continuidade do fluxo de capitais, tão caro ao País. Resta saber se de meros instrumentos de política monetária, esses grilhões não se transformarão em um fim em si mesmo, como aconteceu no governo passado. Nessa hipótese, tudo teria mudado para ficar como antes. Onde estará a esperança?