Uma bela foto
RUYTER BARCELOS * Após o encontro dos países que integram o chamado G-8, uma foto oficial registrou o evento. O nosso presidente, ao aparecer ao lado do todo-poderoso presidente dos Estados Unidos da América, proporcionou a todos os brasileiros um moment
Por | Edição do dia 05/06/2003 - Matéria atualizada em 05/06/2003 às 00h00
RUYTER BARCELOS * Após o encontro dos países que integram o chamado G-8, uma foto oficial registrou o evento. O nosso presidente, ao aparecer ao lado do todo-poderoso presidente dos Estados Unidos da América, proporcionou a todos os brasileiros um momento de reflexão. A percepção internacional enfatiza a necessidade de o País buscar sua integração em blocos econômicos como alternativa para melhorar seu desempenho no comércio exterior, e, por via de conseqüência, sua balança comercial, fator preponderante para captação de recursos. É inegável a preocupação pela busca de soluções, ao menos parciais, que possam conduzir ao consenso ou reduzir a distância que separa o Brasil de seus interlocutores, eliminando, paulatinamente, as possíveis dificuldades nas negociações em curso. Neste contexto, se tem a situação crítica do Mercosul, as discussões para o estabelecimento da Área de Livre Comércio da América (Alca), os entendimentos com a União Européia (UE) para a eliminação das barreiras alfandegárias com o Mercosul e, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), seguem as negociações multilaterais com a finalidade de estabelecer as características do comércio internacional desde o início do século. Este último é um grande desafio para o sistema internacional como um todo, devido às tendências conflitantes entre o multilateralismo, de um lado, e, de outro, o unilateralismo e o regionalismo. O assunto representa também um desafio muito especial para o Brasil, cuja inserção no mundo depende dos espaços que se venha ser capaz de ocupar nos fluxos globais do comércio e investimentos, que estão em jogo nos planos cumulativos de negociações em que o País se acha empenhado. No âmbito regional, o cenário econômico traz muita preocupação e expectativa. Como preocupação, o Mercosul não obteve a sua consolidação e muito mais caminha para sua extinção do que para sua ressurreição. Como expectativa, é vontade política dos governantes sul-americanos buscar soluções de consenso para a difícil situação vivida. Assim, é lícito esperar que o atual governo continue estimulando a integração regional, onde a Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) definiu 162 projetos, tendo relevância os relativos à energia, incluindo gasodutos e redes de transmissão de eletricidade, telecomunicações e conexões de transportes rodoviário, fluvial e ferroviário. Por outro lado, no continente americano, a formação da Área de Livre Comércio da América (Alca) tem sido motivo de grande controvérsia, pois, além do unilateralismo norte-americano quanto às barreiras alfandegárias e o protecionismo, é sabido que a indústria americana é pujante e tem condições tecnológicas de superar a brasileira, fato que, com a implantação do bloco econômico, poderá provocar uma invasão de produtos no mercado interno e queda de preços a níveis impraticáveis pela indústria nacional. No cenário mundial, a crise ronda, mais uma vez, a maior potência econômica do planeta e a recessão parece que volta a ser uma realidade naquele país com o desemprego em alta. Quanto ao Brasil, diante dos inúmeros compromissos internacionais, o que se espera é mais que uma bela foto. O momento exige passar à ação, aproveitando o carisma, as excelentes idéias e a capacidade de convencimento do nosso presidente. (*) É OFICIAL DA RESERVA DO EXÉRCITO BRASILEIRO