Quem manda?
Em encontro com empresários paulistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderia utilizar a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil (BB) para forçar a redução dos juros e ampliar o crédito ao consumidor. Isto seria conseguido me
Por | Edição do dia 07/06/2003 - Matéria atualizada em 07/06/2003 às 00h00
Em encontro com empresários paulistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderia utilizar a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco do Brasil (BB) para forçar a redução dos juros e ampliar o crédito ao consumidor. Isto seria conseguido mediante a redução da margem de lucro dos bancos oficiais. A idéia do presidente Lula, tão logo foi exposta, começou a receber bombardeios dos seus subordinados encastelados no Ministério da Fazenda, CEF e BB, conforme informou o jornal Folha de São Paulo. Segundo a publicação, o temor específico da Fazenda, é que, ao cobrar juros menores, o Banco do Brasil e a Caixa obteriam lucros menores.Com isso, repassariam menos dividendos ao Tesouro Nacional. A resistência é tanta que a CEF emitiu nota informando que embora reconheça que o crédito comercial seja escasso e caro no País, está fazendo sua parte para contribuir com a mudança deste cenário. Em outras palavras: baixar os juros do crédito pessoal ou do cheque especial, nem pensar. Até a década de 80, as instituições oficiais de crédito brasileiras apresentaram rombos consideráveis nos seus balanços, pois os créditos ofertados não eram devidamente cobrados ou apresentavam garantias de difícil conversão. O crédito subsidiado não foi o responsável pela delicada situação naquele período, embora tenha sido, juntamente com a inadimplência, o pretexto que o governo FHC usou para transformar estas instituições em organismos financeiros preocupados unicamente com o lucro. Agora, bastou o presidente acenar com a possibilidade de utilizar os bancos oficiais como instrumento para baixar os juros cobrados pelas demais instituições bancárias, para que os defensores da ortodoxia econômica se mobilizassem contra a medida e demonstrassem a sua força, ao confinar a fala de Lula ao arquivo morto das frases ditas e não cumpridas. Os tentáculos banqueiros comprovaram, novamente, sua força e que estão bem enroscados, também, no lado de dentro do governo, entrincheirados nas instituições bancárias que se supunha estatais.