Un��o dos enfermos
DOM JOSÉ CARLOS MELO * Retomando o tema dos Sacramentos, quero falar hoje sobre a Unção dos Enfermos. De início, vem à mente a Carta do Apóstolo São Tiago que nos afirma: Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem
Por | Edição do dia 08/06/2003 - Matéria atualizada em 08/06/2003 às 00h00
DOM JOSÉ CARLOS MELO * Retomando o tema dos Sacramentos, quero falar hoje sobre a Unção dos Enfermos. De início, vem à mente a Carta do Apóstolo São Tiago que nos afirma: Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com o óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados (Tg. 5,14-15 ). A Igreja sempre considerou a Unção dos Enfermos como um dos Sacramentos instituídos por Jesus Cristo. Antes do Concílio Vaticano II, este Sacramento era chamado e conhecido como Extrema Unção, supostamente a derradeira unção do cristão, em oposição às primeiras, a saber, a batismal, crismal ou sacerdotal. Na prática, esta circunstância levou os fiéis a procurar este Sacramento no extremo da vida e contribuiu para cercá-lo de uma concepção errada e negativa, privando os doentes de usufruir melhor de suas graças. A administração deste Sacramento geralmente era acompanhado do Viático ou da Sagrada Comunhão, em que Cristo era oferecido como alimento dos que partem para a derradeira viagem da vida. Era o Sacramento da despedida para a eternidade. O Concílio Vaticano II em seu Documento Sacrosanctum Concilium corrige esta concepção errônea e negativa e devolve ao sacramento toda a riqueza do seu significado com estas palavras: A Extrema Unção, que melhor pode ser chamada Unção dos Enfermos, não é um Sacramento só daqueles que estão nas angústias da morte. Portanto, tempo oportuno para receber a Unção dos Enfermos é certamente o momento em que o fiel começa a correr perigo de morte, por motivo de doença ou de idade avançada (SC 638). Por isso, hoje, a Igreja mostra a Unção dos Enfermos, como Sacramento da vida e ao mesmo tempo estimula os fiéis a procurá-lo em casos de viagens, intervenções cirúrgicas, etc. O Sacramento tem por finalidade conferir uma graça especial ao cristão que está passando por dificuldades inerentes ao estado de enfermidade séria e grave ou de velhice. Podemos, pois, dizer que a graça especial do Sacramento da Unção dos Enfermos tem como efeitos: a união do doente com a paixão de Cristo, para seu bem e o bem de toda a Igreja; o reconforto, a paz e a coragem para suportar cristãmente os sofrimentos da doença e da velhice; o perdão dos pecados, se o doente não pode obtê-lo pelo sacramento da penitência; o restabelecimento da saúde, se isso convier à salvação espiritual; a preparação para a passagem à vida eterna. Importa, também, compreender que pela Sagrada Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros a Igreja entrega os doentes aos cuidados do Senhor Jesus sofredor e glorificado, para que os alivie e salve. Exorta-os a que livremente se associem à paixão e morte de Cristo e contribuam desse modo para o bem do povo de Deus. O papa João Paulo II dirigiu sua mensagem para o 11º Dia Mundial do Doente, realizado a 11 de fevereiro de 2003, em Washington, na Basílica da Imaculada Conceição, santuário nacional dos Estados Unidos, dizendo: o lugar e o dia escolhidos convidam os cristãos a levantarem o olhar para a Mãe do Senhor. Confiando-se a ela, a Igreja sente-se impelida a um renovado testemunho de caridade, tornado-se um ícone vivo de Cristo, Bom Samaritano, nas numerosas situações de sofrimento físico e moral do mundo atual. Reconhecendo o valor e a importância da Pastoral dos Enfermos, afirma ainda o Pontífice: este campo privilegiado de apostolado diz respeito a todas as Igrejas Particulares. Por isso, é necessário que cada Conferência Episcopal se empenhe, inclusive mediante adequados organismos, por promover, orientar e coordenar a Pastoral da Saúde, para suscitar em todo Povo de Deus atenção e disponibilidade ao mundo diversificado do sofrimento. Estas palavras do papa nos sugerem a reorganização e a atualização da Pastoral da Saúde em todos os níveis, nas residências e hospitais de nossa arquidiocese. (*) é arcebispo Metropolitano de Maceió.