ABC e FMI
O Mapa do Analfabetismo no Brasil, divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação, revelou uma situação dramática e surpreendente ao mesmo tempo. Dramática por re
Por | Edição do dia 08/06/2003 - Matéria atualizada em 08/06/2003 às 00h00
O Mapa do Analfabetismo no Brasil, divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação, revelou uma situação dramática e surpreendente ao mesmo tempo. Dramática por revelar a existência, no Brasil, de cerca de 16 milhões de analfabetos e 30 milhões de analfabetos funcionais (com menos de quatro anos de estudos). Surpreendente por mostrar que entre os 100 municípios com maior número de analfabetos, estão 24 capitais. Em apenas 19 dos 5.507 municípios brasileiros, a população possui um índice que corresponde as oito séries do Ensino Fundamental. A concentração de analfabetos em determinadas localidades demonstra a excessiva desigualdade entre as regiões brasileiras. Enquanto no Sul e no Sudeste encontram-se os 10 primeiros municípios com os melhores indicadores neste quesito, na outra ponta (no Norte e no Nordeste) estão os 10 com o menor número médio de séries concluídas. Segundo o estudo, existe uma relação direta entre nível de renda e analfabetismo: nas famílias com rendimento superior a dez salários mínimos, o percentual de analfabetos é de apenas 1,4%, enquanto naquelas com rendimento inferior a um salário mínimo o índice atinge 29%. No nordeste brasileiro, os números são ainda mais díspares: 1,8% no primeiro caso e 37% no segundo. Sobre os programas de alfabetização já realizados, o estudo aponta que o que faltou muitas vezes foram programas de qualidade claramente delineados para seus diferentes perfis, e com o nível de profissionalização que se espera de qualquer atividade. Nesta área, improvisação geralmente redunda em fracasso. Para não fracassar, o Ministério da Educação terá de convencer a área econômica do governo a liberar recursos suficientes para um projeto mais ousado, que prevê a mobilização de 200 mil alfabetizadores para um período de trabalho ao longo de quatro anos. Essa é a estimativa do plano formulado no MEC para a erradicação do analfabetismo no Brasil. Será que o FMI deixa?