app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5828
Opinião

Basta de maquiagens

Síntese de Indicadores Sociais 2002 é o nome de estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse documento está apresentado um quadro alarmante da situação social no País. Segundo a publicação, a desigualdade social no

Por | Edição do dia 15/06/2003 - Matéria atualizada em 15/06/2003 às 00h00

Síntese de Indicadores Sociais 2002 é o nome de estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse documento está apresentado um quadro alarmante da situação social no País. Segundo a publicação, a desigualdade social no Brasil não apresentou nenhuma melhora nos últimos vinte anos. O baixo crescimento econômico no período é uma das principais causas, mas não a única. No período do “milagre” embora o País tenha crescido a taxas expressivas, a desigualdade não diminuiu. O surto de crescimento com concentração de riqueza levou o então ministro da fazenda, Delfim Neto, a cunhar uma frase que ficaria famosa: “É preciso o bolo crescer para depois dividi-lo”. O “bolo” cresceu e desapareceu décadas depois sem que uma só fatia significativa tivesse sido legada à plebe rude. E a classe média festejou migalhas que se desvaneceram ainda nos tempos da inflação voraz. Só os convivas de sempre tiveram (e continuam tendo) acesso à comilança. Entre 1990 e 1992, se vislumbrou a perspectiva de modificação nesse quadro, com a quebra de velhos monopólios privados e estatais e o início da abertura dos mercados e do Brasil. Mas essas diretrizes foram bombardeadas e o processo inovador arquivado. No período FHC o mercado brasileiro foi escancarado para as indústrias estrangeiras sem qualquer projeto de defesa dos interesses nacionais. A submissão foi a palavra de ordem. A privatização acelerada de setores estratégicos foi realizada para introduzir um modelo que restringiu os principais direitos sociais e reforçou os carcomidos monopólios tupiniquins. O Brasil real e não o do real, veio à mostra nos números do IBGE: 22,9% dos brasileiros têm rendimento mensal familiar per capita de ½ salário mínimo; no Nordeste, o percentual chega a 42,2% e em Alagoas e no Maranhão, mais da metade. A concentração de renda atingiu níveis estratosféricos: a renda dos 10% “mais ricos” é 22 vezes maior que os dos 40% “mais pobres”. Estes resultados devem servir de alerta: o que o Brasil precisa é de um modelo alternativo de desenvolvimento e não de uma maquiagem gerencial.

Mais matérias
desta edição