Em prol do social
O presidente Lula ainda estava em plena campanha, em agosto do ano passado, quando afirmou, em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo, que o País está endividado com índios, negros, mulheres, crianças, portadores de deficiência física, desempregado
Por | Edição do dia 19/06/2003 - Matéria atualizada em 19/06/2003 às 00h00
O presidente Lula ainda estava em plena campanha, em agosto do ano passado, quando afirmou, em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo, que o País está endividado com índios, negros, mulheres, crianças, portadores de deficiência física, desempregados. E precisamos pagar essa dívida. Na mesma ocasião, ele reconheceu que programas como o Bolsa-Escola, Renda Mínima, entre outros, já vinham gerando resultados positivos. E ainda completou: Isso, aliado às reformas que estamos propondo (tributária, agrária, política, do Judiciário e da Previdência), e a retomada do crescimento vão dar força às mudanças que queremos para melhorar a vida dos brasileiros. Toda a nação brasileira espera, naturalmente, que esses e outros compromissos sejam concretizados. E também outros imprescindíveis, como o Projeto Fome Zero, considerado o mais importante, pelo próprio governo, cujo programa mostraria como acabar com a fome de cerca de 50 milhões de brasileiros em quatro anos. Agora, antes de o primeiro ano do mandato terminar, Lula pede paciência aos brasileiros e admite ter herdado uma situação pior do que imaginara. E o ministro Cristovam Buarque (Educação), aponta a falta de recursos e a burocracia exagerada como as maiores dificuldades para implementação dos programas da área social. Temos de torcer para que as medidas consideradas redentoras para o País realmente aconteçam, para nos livrarmos das causas dos problemas que nos colocam entre os países com maiores quantidades de pessoas em condições de pobreza. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado na semana passada, mostra que cerca de 3 bilhões de pessoas, ou metade da população mundial, já vivem em situação de pobreza, com uma renda inferior a dois dólares ao dia. Segundo matéria da Agência Folha, que trouxe esse e outros dados, desde total, 1 bilhão de pessoas quase um quarto de toda a população dos países em desenvolvimento sobrevivem com menos de um dólar ao dia. Entre os problemas que mais contribuem para esta triste realidade está o desemprego oficial, que aparece no estudo da OIT já atingindo 180 milhões de pessoas em todo o mundo o mais alto nível da história, com tendência de subir ainda mais. Além de cerca de meio bilhão de subempregados ou de pessoas que não trabalham em período integral. Só esses dados mostram, como bem ressaltou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, que a meta das Nações Unidas de cortar a pobreza mundial pela metade até 2015 não será alcançada. A menos que os governos, empregadores e trabalhadores se unam para criar mais empregos.