Barril de p�lvora
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Alagoas (Incra) anunciou que irá solicitar da Polícia Federal apuração das denúncias de que na Zona da Mata alagoana pistoleiros estariam sendo arregimentados para combater os sem-terra na região. S
Por | Edição do dia 02/07/2003 - Matéria atualizada em 02/07/2003 às 00h00
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Alagoas (Incra) anunciou que irá solicitar da Polícia Federal apuração das denúncias de que na Zona da Mata alagoana pistoleiros estariam sendo arregimentados para combater os sem-terra na região. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, problemas desse tipo estariam restritos aos estados de Alagoas, Pará, Pernambuco e Paraná. Também esta é opinião de um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, João Pedro Stedile. Para ele, a iminência de um conflito armado no campo estaria descartada porque as principais entidades representativas dos empresários rurais Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e o Movimento Nacional dos Produtores (MNP) não respaldam medidas deste tipo. Na verdade, toda a sociedade brasileira repele esse tipo de coisa. Porém, é inegável que está havendo um crescimento dos conflitos pela posse da terra no país. Somente no primeiro semestre deste ano, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, foram assassinados 20 trabalhadores rurais, contra 16 em todo o ano passado. Em 2002, foram 157 ocupações e no primeiro semestre de 2003 já somam 110. A manutenção de uma estrutura agrária excludente, a criminalização do conflito no governo passado, o desemprego que leva milhares de trabalhadores a engrossar os acampamentos dos sem-terra, as expectativas quanto ao governo Lula e as disputas internas entre o Ministério da Reforma Agrária e o Incra, que têm paralisado as ações destas instituições, podem ser apontadas como contribuições importantes para o aumento da tensão no campo. As responsabilidades do governo Lula nessa questão, maiores que as de governantes passados, afinal todo seu currículo estimula a cobranças de mudanças no perfil social brasileiro. E a questão da terra é uma das mais delicadas e explosivas do Brasil. Por isso tudo, o governo federal deve, antes de mais nada, unificar suas propostas para esse problema antes que ele passe definitivamente da área social para a área policial.