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Nº 5828
Opinião

Os velhos no Jap�o

DOM EDVALDO G. AMARAL * “O Japão é o porto seguro para os velhos; a estrutura oferecida no arquipélago nipônico é de longe melhor que a do Brasil, além de dar oportunidade de trabalho mesmo aos de idade avançada. Aqui, o governo permite certa independênc

Por | Edição do dia 11/07/2003 - Matéria atualizada em 11/07/2003 às 00h00

DOM EDVALDO G. AMARAL * “O Japão é o porto seguro para os velhos; a estrutura oferecida no arquipélago nipônico é de longe melhor que a do Brasil, além de dar oportunidade de trabalho mesmo aos de idade avançada. Aqui, o governo permite certa independência, como seguro-saúde, cujas despesas médicas são subsidiadas,” diz Antônio Shiraishi, 69 anos, numa reportagem do “International Press”, o semanário para os brasileiros do Japão. E continua o jornal em português, editado em Tóquio: Shiraishi chegou ao Japão em 1989, em companhia da esposa e filhos. Trabalhou seis anos numa indústria de autopeças. Com esta idade no Brasil, seria impossível encontrar emprego, avalia ele. Casado há 39 anos, tem cinco filhos e quatro netos. E sente-se feliz em ainda poder ajudar os filhos. Sua esposa trabalha como ajudante em um hospital de Nagoya e ele agora faz serviços de manutenção geral, algumas vezes por semana, o suficiente para se manter em atividade aos quase 70 anos e ganhar algum dinheiro extra. Faz coro com Shirashi, Takashi Shimizu, 66, há 14 anos no arquipélago e em plena atividade. Ele cumpre jornada de 12 horas, apenas no horário noturno, numa fábrica de macarrão instantâneo, diz o repórter Amici do “International Press”. Ele tem cerca de 45 brasileiros como companheiros e é o mais velho e mais respeitado do grupo. “Mostrei na linha de montagem que poderia dar conta como os mais jovens,” lembra Shimizu. E compara: Se fosse no Brasil, com a minha idade, seria difícil conseguir emprego. Outro caso, notável, descrito nesta mesma reportagem é o de Sadao Kobayashi. Ele hoje, está com 83 anos, mas trabalhou até 1989, como jornaleiro em São Paulo. No interior do Estado, trabalhava na lavoura do café e cuidava da família. Tem cinco filhos, seis netos e dois bisnetos. Agora, mora no Japão com o único filho solteiro, na cidade de Toyota. Seu trabalho diário é fazer as compras da casa, preparar as refeições diárias e, de vez em quando, ir à casa dos outros filhos, olhar as crianças. “Eu vim para o Japão somente para ajudar meus filhos,” confessa Kobayashi. Ainda, vigia as vagas do estacionamento do prédio onde mora e seu melhor passatempo é escrever todos os dias o seu diário. “Se eu não fizer nada durante o dia, o que vou escrever à noite?” Ficou viúvo aos 59 anos e daí passou a dedicar-se aos seus filhos. “É importante estar sempre em atividade e poder ajudar mais do que ser ajudado”- conclui. Ainda, bonito, exemplo de atividade na velhice, temos no casal Takemori, 79 anos, e Fumi Inoue, 77, descrito na reportagem no “International Press” de Tóquio, para os brasileiros daqui. Casados há 54 anos, têm três filhos, quatro netos e um bisneto. Apesar da idade, o casal está em plena atividade. Os dois trabalham numa cozinha industrial, que fornece marmitas para a região. Inoue desembarcou no Japão há 14 anos. Na época, já com 65 anos, conseguiu emprego mentindo a idade. Mas trabalhou em fábrica até os 74 anos. “Não tinha dificuldade alguma no serviço e acompanhava o ritmo dos demais funcionários” – confessa ele. Ensina que no caminho da velhice, a pessoa deve preocupar-se com a saúde e manter-se em atividade. “O importante é trabalhar para não depender de ninguém” - declara Inoue. Ele acrescenta, nesta mesma reportagem, acreditar que os idosos estão conquistando seu espaço. Afirma ainda, que atualmente, há diversas atividades para quem está na chamada terceira idade. Interrogado a propósito do desrespeito aos idosos, ele considera que existe em qualquer parte do mundo e o Japão não é diferente. Mas até agora, declara não ter sofrido esta experiência. Ao contrário, sempre se sentiu muito respeitado. (*) é ARCEBISPO EMÉRITO DE MACEIÓ e ATUALMENTE EM VISITA MISSIONÁRIA AO JAPÃO

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