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Nº 5828
Opinião

Governan�a de Babel

Em comunicado conjunto exarado durante a realização de líderes mundiais reunidos em Bagshot (Grã-Bretanha), foi prometido por esses governantes a “abertura de mercados para países mais pobres”. Não terá ocorrido algum erro de tradução por parte das agênc

Por | Edição do dia 16/07/2003 - Matéria atualizada em 16/07/2003 às 00h00

Em comunicado conjunto exarado durante a realização de líderes mundiais reunidos em Bagshot (Grã-Bretanha), foi prometido por esses governantes a “abertura de mercados para países mais pobres”. Não terá ocorrido algum erro de tradução por parte das agências de notícias responsáveis pela cobertura do evento? Desde quando é simples assim “abrir mercados”? E desde quando mercados são tocados pela beneficência? Precisamente a proeminência, o poder supremo dos mercados – sua intangibilidade – estão entre as marcas definidoras do caráter da era globalizada. Pois agora querem submeter os mercados à ordem unida de uma mancebia de governantes. Pois esse grupo está sendo identificado por um epíteto: “Governança Progressista”, legenda que desempregou a “Terceira Via”, até então usada. Entre esses, figura o nosso presidente Lula. E destacam-se, nesse ajuntamento, os notáveis Tony Blair (anfitrião e primeiro-ministro da Inglaterra) e o germânico Gerhard Schroeder – duas estrelas do primeiríssimo mundo. As agências noticiosas registraram ainda a presença da neozelandesa Helen Clark, do sul-africano Thabo Mbeki, do sueco Goran Persson e do canadense Jean Chretien, entre outros estelares chefes de governo. Rotularam-se de “Governança Progressista”. Não teriam querido dizer pajelança? Pois só as forças animistas poderiam conceber uma mesma alma a monitorar tal salada ideológica e política. Tony Blair, em uma de suas falas, anunciou a aprovação na cúpula da proposta canadense de pedir à comunidade internacional que proteja as populações de “repressões brutais eventualmente cometidas por governos” (!). Imediatamente, a assertiva foi entendida por uns como um “aprove-se” à ação agressora da dupla Blair/Bush contra o Iraque, outros pensaram ouvir uma crítica canadense em relação à repressão brutal perpetrada contra o Afeganistão e o Iraque. Enfim, ninguém consegue entender os sinais de fumaça emitidos pela pajelança de Bagshot. Talvez, quando Lula votar para casa possa usar esses conceitos mágicos para explicar o que está havendo com a proposta de Reforma da Previdência.

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