Dias piores vir�o?
Tramitam no Congresso Nacional, ao sabor de apimentadas polêmicas, duas das principais reformas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a tributária e a previdenciária. Nas últimas semanas, o noticiário concentrou-se no lufa-lufa em torno da
Por | Edição do dia 23/07/2003 - Matéria atualizada em 23/07/2003 às 00h00
Tramitam no Congresso Nacional, ao sabor de apimentadas polêmicas, duas das principais reformas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a tributária e a previdenciária. Nas últimas semanas, o noticiário concentrou-se no lufa-lufa em torno da reforma da previdência. De certo modo, ficou obscurecido o fato de que o País caminha para uma crise econômica de proporções explosivas. Depois de seis meses de governo, os atuais responsáveis pela condução dos destinos econômicos do país parecem não ter mesmo uma política econômica alternativa à utilizada pelo governo anterior. Para os atuais timoneiros da economia, os atuais e graves problemas brasileiros estão circunscritos ao terreno da gestão. Em última instância, o neoliberalismo é aceito como fato consumado e, portanto, passível apenas de um gerenciamento mais adequado e de mudanças cosméticas. Os arautos desta corrente dentro do governo têm enfatizado a necessidade de um novo contrato social para o país, cujo mote seria modernização sem subtração de direitos. Como pode ser notado na proposta original da reforma previdenciária, não apenas direitos eram subtraídos, como se ia mais adiante na conversão de interesses dos grupos financeiros interessados na quase compulsória previdência complementar privada e nas formulações do Banco Mundial. E por falar nele, nos próximos meses veremos mais propostas de mudanças: já está em análise e debate no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) uma proposta do Banco Mundial para que o governo Lula (em troca de um empréstimo de US$ 8 bilhões), acabe com a universidade gratuita, as deduções com gasto em saúde e educação no Imposto de Renda, a correção dos benefícios previdenciários e a multa de 40% sobre o saldo FGTS nas demissões imotivadas. Na vizinha Argentina, Menem levou 10 anos para pauperizar a maioria da classe média daquele país. No Brasil, o período FHC não conseguiu tanto, apesar do empenho. Ao que tudo indica, os czares do governo Lula querem realizar uma obra inacabada do governo anterior: o holocausto social da classe média.