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Nº 5828
Opinião

Palavra da defesa

WELTON ROBERTO * Dia 11 de agosto. Mais uma vez advogados vêem a passagem de seu dia com pouco ou quase nada a comemorar. Nós, que sempre estamos a cuidar dos problemas alheios, a batalhar pelas causas, a transpor dificuldades e obstáculos de toda sorte,

Por | Edição do dia 09/08/2003 - Matéria atualizada em 09/08/2003 às 00h00

WELTON ROBERTO * Dia 11 de agosto. Mais uma vez advogados vêem a passagem de seu dia com pouco ou quase nada a comemorar. Nós, que sempre estamos a cuidar dos problemas alheios, a batalhar pelas causas, a transpor dificuldades e obstáculos de toda sorte, a pedir, esperar, pedir, esperar. Pedir, esperar, esperar, esperar... esquecemos que nossa profissão, embora considerada CONSTITUCIONALMENTE como essencial à administração da Justiça, está doente, aliás, bem doente. O descaso, o desrespeito, a humilhação de sermos tratados e vistos, por várias vezes, com quase ou nenhuma importância, ou ainda pior, com o óbice para aplicação sumárias” nos relega a um patamar inferior. Francesco Carnelutti, advogado  e um dosmaiores juristas italianos de todos os  tempos, já nos  lembrava que “O maior dos advogados sabe não  poder nada frente ao menor dos juízes; entretanto, o menor dos juízes é o que o humilha mais”. Nosso maior problema, no entanto, é o conformismo com toda essa situação. A passividade de se aceitar que tais fatos aconteçam empobrece e enfraquece esta nobre profissão que é encarada, desde os bancos acadêmicos, como passagem para funções mais “destacadas’’, tais como a de juiz ou promotor de Justiça, e o sinônimo de não desejar galgar tais “postos” leva muitos a pensar que só seríamos competentes, e ou realmente inteligentes, se abraçássemos tais carreiras, conseguindo verdadeiro êxito com a aprovação de um concurso público. Ledo engano. Todavia, este engano precisa soar mais forte àqueles que abraçam a advocacia como profissão, encarando-a não como ponto de partida ou como passagem, mas como um verdadeiro porto seguro, valorizando-a, e fazendo-a sentir valorizada, não abrindo mão de suas prerrogativas e direitos. Aliás, a combatividade é a nossa maior ferramenta e o Direito nossa força motriz. Não podemos fingir que não estamos à beira de um colapso profissional. O inchaço do mercado na advocacia, facilitada mormente pela absurda, descontrolada e desmedida criação de inúmeros cursos jurídicos, trouxe “passageiros” de toda sorte. De aventureiros a oportunistas, a advocacia passou a ser ‘‘Casa de Passagem”, relegando a sua nobreza a um plano infinitamente inferior. Com isso, o nivelamento profissional sofre sério abalo e reflete inexoravelmente na aplicação da Justiça em todos os seus níveis, causando estragos que são irremediáveis. O primeiro reflexo está patente no empobrecimento da classe. Assim, deixarmos de “estar” advogados e procurarmos efetivamente ‘‘ser” advogados, este talvez seja o ponto nevrálgico que precisa ser entendido desde o primeiro dia, POR ESCOLHA, ou mesmo dom, a advocacia venha a se incorporar em nossa alma. Os advogados vocacionados toleram a má vontade dos que procuram dificultar o exercício da advocacia, porque bem sabem que os mesmos, quando precisam de um profissional, correm, pressurosos, aos nossos escritórios o até mesmo às nossas residências em busca daquela palavra que tanto tentaram deturpar, confundir, denegrir, omitir ou calar: A PALAVRA DA DEFESA. (*) É PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS CRIMINALISTAS DE ALAGOAS

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