Lula e a seca
ORLANDO VILAR * O problema da seca já tão decantado em prosa e verso ao longo dos anos e até séculos, bem como merecedor de vários estudos técnicos durante todo esse período, também tem sido alvo de várias ações dos governantes nos três níveis de govern
Por | Edição do dia 14/08/2003 - Matéria atualizada em 14/08/2003 às 00h00
ORLANDO VILAR * O problema da seca já tão decantado em prosa e verso ao longo dos anos e até séculos, bem como merecedor de vários estudos técnicos durante todo esse período, também tem sido alvo de várias ações dos governantes nos três níveis de governo, com alguns resultados práticos exitosos, contudo, um trabalho de maior profundidade e excelência tem deixado a desejar. Com o sinal deste enfoque, pode-se constatar o nível médio de renda da região, que comparativamente a outras do País fica comprometida. Outro indicador expressivo é o contingente de retirantes que são obrigados por forças das circunstâncias, a buscar saídas para si e seus familiares em outros estados do sudeste e sul do País. A música do Luiz Gonzaga tão bem abordou a questão, com A Triste Partida. Algumas perguntas decorrem: qual o papel das universidades públicas na formulação de estudos e trabalhos que diagnostiquem e mostrem, para a sociedade, alternativas viáveis para solução desse grave problema? E a imprensa? Qual a sua contribuição? Qual a consciência política que a sociedade tem sobre isto? Destas perguntas, pode-se inferir, entre outras, que a partir desta visão, é que surgirão as medidas que os governantes sensatos haverão de promover. Chega de retórica, palavras bonitas, embalagens pomposas para nomes de programas que, na maioria das vezes, só atingem as conseqüências não se chegando às causas. Não há que se abominar qualquer medida, contudo, tem-se que pensar no custo das alternativas. A utilização dos recursos tem que ter uma eficaz alocação produtiva, para gerar os resultados tão almejados por todos aqueles que por obra do destino lá vivem. Renovam-se as esperanças de que agora terá solução, considerando que o presidente da República é da região, e mais do que isso, sofreu na pele as conseqüências desse fenômeno, sendo forçado, já em criança, a abandonar tudo que lhe era mais caro, seus familiares próximos, seus amigos, enfim, a suas terra natal e procurar uma nova vida em terras distantes e desconhecidas, uma aventura. Na verdade, o enfoque é significativo, pelo fato de o presidente ter vivido todos os problemas da seca, e conhece o sofrimento do povo. Lembramos que uma das maiores obras econômicas para a região nordestina, foi a construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, e o presidente não era nordestino. Ora, agora temos um homem genuinamente da terra do semi-árido. Se tudo que já foi obtido e sabemos que o semi-árido melhorou muito foi alcançado na gestão de governantes que não eram da região, muito mais agora temos que ter esperanças de uma reviravolta nos acontecimentos. Falando em seca propriamente, nosso presidente eleito, conhece nos detalhes, viveu, sofreu, é uma pessoa sensível ao sofrimento alheio, e, desta forma, reúne condições para mobilizar pessoas, técnicos, lideranças, universidades, ONGS, políticos, enfim, fazer algo mais concreto no encaminhamento de soluções não mais paliativas. Algumas perguntas incomodam! Será que não temos recursos hídricos na região? Será que não temos recursos hídricos no subsolo? Será que há informações disponíveis e acessíveis para que os agentes envolvidos na pecuária façam uso adequando e melhorem suas vidas? Será que em outras regiões semi-áridas semelhantes no mundo não resolveram seus problemas? Como é feito em Israel, na França, apenas para citar dois países ricos e com agriculturas desenvolvidas? Muito pode ser feito, e, sem dúvida, entre outras ações, a informação é indispensável, principalmente no mundo de hoje em que contamos com os recursos de informática, Internet, que podem ser acessados por grande maioria da sociedade, inclusive pelas prefeituras. Portanto, notamos que não se trata apenas de recursos financeiros, claro que são fundamentais, mas não são os únicos elementos envolvidos nessa cadeia. Nosso presidente e equipe de governo têm uma missão histórica de tentar reverter este quadro, têm sensibilidade, e a vivência dos problemas mais graves desse povo sofrido e esperançoso. Presidente, estamos torcendo para que, desta vez, se enfrente com maturidade, competência e ações eficazes na solução a administração do problema econômico e humano. E visão humana é uma das características do presidente. Mãos à obra! (*) É ADMINISTRADOR E CONSULTOR DE EMPRESAS