P�dio e buraco
Da República Dominicana, onde estão sendo realizados os Jogos Panamericanos, diariamente chegam boas notícias sobre o desempenho dos atletas brasileiros na competição. É ouro, prata e bronze. No entanto, quando as notícias se referem ao desempenho econôm
Por | Edição do dia 15/08/2003 - Matéria atualizada em 15/08/2003 às 00h00
Da República Dominicana, onde estão sendo realizados os Jogos Panamericanos, diariamente chegam boas notícias sobre o desempenho dos atletas brasileiros na competição. É ouro, prata e bronze. No entanto, quando as notícias se referem ao desempenho econômico do Brasil, elas continuam sendo pouco animadoras. É chumbo puro. Considerando apenas o período no qual estão sendo realizados os Jogos Panamericanos, os brasileiros foram brindados com um desempenho nada invejável de nossa economia, com recordes negativos em várias modalidades: aprofundamento da recessão; vendas decrescentes do comércio varejista e em inadimplência elevada dos consumidores, só para citar alguns. Foram batidos os seguintes recordes: o desemprego em julho atingiu 13%, ultrapassando a marca que tinha sido estabelecida em 2001; a quantidade de cheques devolvidos (15,9 a cada mil emitidos) no primeiro semestre, também superou o patamar máximo que já perdurava por mais de duas décadas; as vendas do comércio varejista apresentaram queda pelo sétimo mês consecutivo. Os comentaristas esportivos festejam a destacada posição brasileira no Pan, explicam o desempenho elogiável de cada atleta e fazem prognósticos alvissareiros sobre o futuro. Os analistas econômicos reclamam dos resultados colhidos nos sete primeiros meses do governo e a maioria credita o pífio desempenho da economia brasileira à política econômica restritiva adotada pelo governo Lula, que tem conseguido superar algumas das mais dolorosas marcas alcançadas pelo governo FHC, jogando o povo para mais longe ainda do pódio do desenvolvimento. A equipe esportiva voltará sob ouro, prata e bronze. O povo brasileiro continua sob os ferros da política imposta pelo FMI. Notícias boas nos esportes, notícias ruins na economia e no social. Seria o caso de colocar desportistas no governo? Pelo sim pelo não, o povo brasileiro segue torcendo para virar o jogo, afinal a esperança é a última que morre. Será imortal?