Opinião
Hitler e os animais
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Vocês por acaso sabem qual foi uma das mais avançadas legislações de proteção animal da história? Pasmem! Respondendo direta e objetivamente lhes adianto que foi desenvolvida na Alemanha nazista. Adolf Hitler odiava judeus, ciganos, deficientes físicos e mentais, negros, comunistas e outros que ele não considerava como membros pertencentes a falaciosa “raça ariana”. Mandava toda essa galera para os campos de concentração e para as câmaras de gás, política que designava de “solução final”, que lhe autorizou exterminar seis milhões de judeus até o final da Segunda Guerra Mundial.
Mesmo este ditador desumano, por mais incrível e até contraditório que possa parecer, tinha compaixão pelos animais. Os animais conseguiram sublimar até mesmo a alma do líder do “Terceiro Reich”, que vitimou ao menos 60 milhões de seres humanos no transcorrer daquele conflito militar mundial. Se vocês pesquisarem na internet fotos de Hitler, poderão observar que ele está sempre acompanhado de animais, sobretudo de cães, particularmente na companhia da sua estimada cadela Blondi. Até os nazistas respeitavam os animais. Quando chegaram ao poder na Alemanha, em 1933, instituíram àquela que seria a primeira legislação de proteção de animais da história, um conjunto de leis conhecidas como Tierschutzgesetz. Por ocasião da aprovação desta lei, Hitler discursou afirmando que “no novo Reich nenhuma crueldade contra os animais será permitida”. Este conjunto de leis definia a proteção do complexo legal alemão do meio ambiente, a proibição da caça, a regulamentação do transporte de animais em veículos automotores e proibia a prática da vivissecção, que é “apenas” a dissecação dos animais vivos, com propósitos pseudocientíficos de estudos anatômicos e fisiológicos, muito comum, por exemplo, nas indústrias farmacêutica e de comésticos. O objetivo aqui não é o de condescendência com o genocídio cometido por Hitler e sua trupe sanguinária, mas expor esta enorme contradição: a prática no ocidente, em relação ao tratamento dispensado aos animais, se revelam piores do que a de monstros humanos, que conseguiam sentir algum tipo de empatia por esses seres, que denominamos de sencientes, capazes de terem sensações de forma consciente. Alguma lição temos que tirar deste paradoxo, que revela profunda contradição e incompatibilidade de animais sapientes que se consideram seres superiores e racionais. Um filme que consegue juntar guerra, nazistas e animais é o imperdível drama, O Zoológico de Varsóvia, de 2017, dirigido por Niki Caro, que explica “an Passant” esta narrativa. Por esta razão que defendo leis de proteção animal mais assertivas e políticas públicas concretas em defesa das diversas formas de vida. Sugiro a criação de uma compensação fiscal, semelhante as leis de incentivo a cultura, que estimule uma parceria entre a iniciativa privada, os governos em todas as suas esferas e as instituições protetoras de animais. Para ampliar e supervisionar um trabalho sério em favor dos animais, deixo ainda a sugestão da criação de fóruns municipais e estaduais de proteção animal, visando fazer a gestão integrada e sua correspondente fiscalização por todos os entes envolvidos neste contexto. Proteja e adote um animal de rua.