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Nº 5870
Opinião

Luiz Cerqueira

AGATÂNGELO VASCONCELOS * Luiz da Rocha Cerqueira, notabilíssimo médico nascido no Engenho Cafuxí, município de União dos Palmares, encontrava-se injusta e completamente esquecido, ao menos pelo Poder Público do Estado de Alagoas. Entretanto, dentre os já

Por | Edição do dia 04/04/2002 - Matéria atualizada em 04/04/2002 às 00h00

AGATÂNGELO VASCONCELOS * Luiz da Rocha Cerqueira, notabilíssimo médico nascido no Engenho Cafuxí, município de União dos Palmares, encontrava-se injusta e completamente esquecido, ao menos pelo Poder Público do Estado de Alagoas. Entretanto, dentre os já desaparecidos, integra juntamente com Artur Ramos, Rocha Filho e, mais recentemente, Nise da Silveira, um plêiade brilhante de cultores da Medicina do psiquismo que dignifica a ciência e a cultura de qualquer país. Havendo cursado Medicina no Recife, já no segundo ano de sua formação profissional aproximou-se do eminente mestre Ulysses Pernambucano. Este, desde então, “adotou” o ousado estudante que solitariamente iniciava uma pesquisa social. Após formar-se, com proficiência exerceu seu trabalho no Recife, em Aracaju, em Salvador e no Rio de Janeiro. Professor e pesquisador de elevados méritos, transmitiu seu saber como Livre Docente na Bahia, como Professor Adjunto em Ribeirão Preto e como Chefe do Setor de Praxiterapia do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil. Durante os anos de 1973 e 1974, foi o coordenador de Saúde Mental do Estado de São Paulo, quando realizou importante trabalho de reforma da assistência psiquiátrica, conseguindo reduzir a população de pacientes hospitalizados, ao criar a Emergência Psiquiátrica e ao fazer convênios com a universidade. Publicou intensamente em nossas revistas científicas: sobre tratamentos biológicos e psicoterápicos, também sobre Terapia Ocupacional, psicodiagnósticos e outros temas atuais. Foi autor de três livros consagrados pelos estudiosos da mente humana, relator e conferencista de destaque em centenas de encontros médicos, sempre esteve em destaque no cenário científico nacional. Recentemente um grupo de psiquiatras conterrâneos, encarregados oficialmente de escolher um nome ilustre para designar um moderno aparato de assistência psicossocial a ser instalado em Maceió, teve a sua sugestão plenamente aceita ao propor o nome insigne de Cerqueira. Será a concretização de uma homenagem mais do que merecida e já há muito devida. Felizmente as nossas autoridades alcançaram a importância do apresentado, elas que tantas vezes sucumbem ao vezo populista e homenageiam medíocres figuras que apenas tremeluziram ao refletir luzes da política partidária. Para a homenagem em questão, pesquisas bibliográficas e contatos familiares foram feitos aqui e no Recife; uma rara fotografia foi fraternalmente cedida pela Sociedade Pernambucana de Psiquiatria. Esta fotografia, ampliada e emoldurada pelos admiradores do homenageado, fará parte do Centro de Atenção Psicossocial Infantil Luiz da Rocha Cerqueira. Tudo isto foi realizado para melhor respaldar biograficamente a iniciativa meritória a ser brevemente concretizada. Não se poderia mesmo retardar mais ainda o preito que a Cerqueira se devia, ele um profissional paradigmático dos que, voltados para o social, defendem os direitos de cidadania dos enfermos mentais e dos excluídos em geral. Se a homenagem tardou, não mais lamentemos. Antes, exaltemos o reconhecimento formalmente expresso, visto que “todas as coisas têm o seu tempo”, ensina-nos o Eclesiastes. Agora é chegado o tempo de louvar-se a vida e a obra deste alagoano que a todos dignifica. (*) MÉDICO E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

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