Enquanto a vacinação segue em ritmo lento e o País enfrenta dificuldade de adquirir mais doses de imunizantes – apenas 4% da população já foi vacinada –, a epidemia do novo coronavírus segue descontrolada e sem dar sinais de trégua. Ontem, mais um triste recorde. Foram registradas 1.954 mortes pela Covid no período de 24 horas -- o maior número desde o começo da pandemia. Com isso, já são 268.568 vidas perdidas para a doença. A média móvel de óbitos no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.572, novamente um recorde.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, em 15 capitais a ocupação de leitos de UTI já supera os 90%. Em 25 das 27 capitais brasileiras a taxa de ocupação se encontra em situação de alerta, com mais de 80% dos leitos ocupados. Belém e Maceió tem índices superiores a 70%,

O quadro atual é de sobrecarga e colapso do sistema de saúde. De acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, o número de leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid financiados pelo Ministério da Saúde teve uma queda de 71% de julho de 2020, no primeiro pico da pandemia, ao início de março deste ano, quando o Brasil atingiu recordes de mortes diárias pelo coronavírus. Eram 11.565 leitos financiados ou habilitados pelo governo federal em julho do ano passado, ante 3.372 agora. O motivo foi o término, em 31 de dezembro, da vigência do decreto de estado de calamidade, que permitia a transferência de recursos extraorçamentários. Entretanto, o governo federal não levou em conta que a epidemia poderia ainda estar ocorrendo, muito menos se agravando.

Enquanto a vacina não chega à maior parte da população, não há outro caminho a não ser endurecer as medidas de proteção, com distanciamento social e físico, uso de máscaras e higienização. Além disso, é necessário o reforço da atenção primária e das ações de vigilância, que incluem a testagem dos casos suspeitos e seus contatos. É preciso que o poder público e a sociedade façam a sua parte e assumam sua responsabilidade neste momento tão grave de nossa história.