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Nº 5865
Opinião

Perspectivas

HUMBERTO MARTINS * O grande político e empresário que foi Teotônio Vilela, que nos deixou há cerca de duas décadas, dizia que o alagoano sabe mesmo “é plantar cana e criar gado”. Essa verdade, repetida em numerosas oportunidades, em discursos e conversa

Por | Edição do dia 09/04/2002 - Matéria atualizada em 09/04/2002 às 00h00

HUMBERTO MARTINS * O grande político e empresário que foi Teotônio Vilela, que nos deixou há cerca de duas décadas, dizia que o alagoano sabe mesmo “é plantar cana e criar gado”. Essa verdade, repetida em numerosas oportunidades, em discursos e conversas, refletia a inelutável realidade de que essas eram as duas atividades mais exercidas no interior de Alagoas, que possibilitavam o sustento de milhares de pessoas que, sem outras opções econômicas, encontravam na cana e na pecuária solução para suas necessidades básicas. As palavras do inesquecível político alagoano provocam uma interrogação, cuja resposta deita luz sobre o passado e, de certo modo, o presente de Alagoas: por que a pecuária bovina e a cana de açúcar se transformaram, ao longo das décadas, dos séculos, em principal atividade no interior de Alagoas e em boa parte do Nordeste e do Brasil. Porque são assegurados aos criadores e aos agricultores mercado para seus produtos. Não têm eles que ficar, de porta em porta, mendigando ofertas para os frutos do seu trabalho. A carne bovina é consumida, diariamente, em incontáveis lares. Quem criar duas ou três cabeças poderá abatê-las e comercializá-las em qualquer localidade, pois as posturas e exigências ainda não atingem a maior parte dos extensos sertões brasileiros. A cana-de-açúcar foi protegida pelo governo federal ao longo de décadas, através do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). O IAA fornecia quotas a plantadores de cana e usineiros, regulamentava a atividade de maneira tal que quem plantasse teria onde colocar sua produção. Por isso, pecuária bovina e agricultura canavieira atravessaram crises, dificuldades de mercado e se perpetuaram até os dias atuais. Para se ter uma idéia de como é difícil e complicado manter uma boa média de produção, considere-se um exemplo de milho, que gere empregos, impostos, que multiplique resultados econômicos e reduza as importações que oneram Alagoas. Esses esforços estão dando resultados. A safra de milho deste ano deverá ser superior a de 2001. Essa é a expectativa dos que fazem o setor, anunciada há alguns dias, por ocasião da assinatura dos protocolos de compromisso dos Programas de Revitalização das Culturas do Milho e do Algodão. O programa conta com a participação de diversas instituições estaduais, federais e iniciativa privada, e visa transformar o Estado num grande produtor de grãos. Como Alagoas produzia, há três anos, apenas 40 mil toneladas de milho, os avicultores – principais compra-dores de milho – eram forçados a importar grandes quantidades da Bahia, Mato Grosso e outros Estados. Com a implantação do programa, já em 2000 a safra de milho teve um acréscimo de cerca de 160% em relação a 1999. A estiagem provocou uma queda ano passado, mas os esforços atuais indicam que novos bons resultados serão obtidos. Esse é um dos caminhos para melhorar o nível de vida dos nossos agricultores. A situação da lavoura algodoeira também está sendo considerada. A agricultura e a pecuária, além de gerar grande desenvolvimento econômico ao País, ainda cria novas oportunidades de emprego com mais justiça social. (*) É DESEMBARGADOR DO TJ/AL.

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