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Nº 5870
Opinião

VISIBILIDADE

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Por Editorial | Edição do dia 26/07/2022 - Matéria atualizada em 26/07/2022 às 04h00

Comemorou-se ontem o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi inspirada no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas em 1992, em que grupos feministas negros de 32 países se reuniram na República Dominicana. O evento surgiu para dar visibilidade à luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo.

No Brasil, a Lei 12.987, de 2014, estabeleceu que também no dia 25 de julho seria celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra que, assim como a data estabelecida em 1992, também destaca o papel da mulher negra na luta contra a opressão, através da figura de Tereza de Benguela. Cerca de 21% da população da América Latina e Caribe é afrodescendente e é a faixa mais afetada pelo racismo, a xenofobia e a discriminação relacionada a razões de gênero, orientação sexual, idioma, religião e origem social. Esses efeitos são mais amplos para as mulheres. Estudo feito pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostra que as mulheres afrodescendentes da região são as que recebem o salário médio mais baixo em relação a pessoas não afro e inclusive em relação a homens afro, independentemente dos níveis educacionais e das horas trabalhadas. Também são as que aparecem em primeiro lugar nos índices de pobreza em famílias monoparentais comandadas por mulheres afro, o dobro em relação às mulheres não afro no Brasil, Equador e Peru e o triplo no Uruguai. Em termos de trabalho doméstico remunerado, a maior parte é realizado por mulheres afro em toda a região, representando 63% no caso do Brasil. A realidade mostra que, mesmo após 30 anos da instituição dessa efeméride, constata-se ainda que mulheres negras dispõem de piores condições de trabalho, são alvo dos maiores índices de violência e sofrem com suas histórias e ações, sendo muitas vezes invisíveis em meio à sociedade. É necessário, pois, lutar pela implementação de políticas públicas que mudem essa realidade e incentivem o empoderamento dessa população.

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