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Nº 5873
Opinião

Vinícius Jr. não começou a luta. Ele internacionalizou a luta

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Por Oswaldo Gouveia Filho – procurador do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e diretor consultivo e fiscal da Associação do MPPE | Edição do dia 03/06/2023 - Matéria atualizada em 03/06/2023 às 04h00

Reacendeu com força no Brasil o preconceito estrutural e ganhou maior visibilidade com os episódios que envolveram o jogador Vinicius Jr, atualmente no Real Madrid, clube espanhol, e integrante da seleção brasileira.

Ofendido por torcedores do Valência, também clube espanhol, o jogador que foi cognominado de “macaco”, teve a coragem de se dirigir aos ofensores e denunciá-los. Fez mais. Manifestou-se através das redes sociais para proclamar sua indignação dando o seu recado: “O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mais que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista”. Diante do fato, o primeiro - ministro espanhol Pedro Sanchez, solidário ao atleta, disse: Tolerância zero ao racismo. A mesma postura teve o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A grande imprensa espanhola, com manchetes, escreveu: “Não basta não sermos racistas. É preciso ser antirracista”. Recentemente os torcedores e jogadores Sport Clube do Recife foram vítimas, em Criciúma, estado de Santa Catarina, de procedimentos xenofóbicos, oportunidade em que foi expressa esta frase preconceituosa: “Brasil é Sul”. Segundo notícias, a diretoria do clube pernambucano prometeu providências. Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2022, em postagem nas redes sociais, a diretora de Responsabilidade Social do Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro, Ângela Machado, esposa do presidente do clube Rodolfo Landim, fez comentários depreciativos e pejorativos aos nordestinos depois de constatada a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro para o atual presidente Lula. Na postagem ela compara nordestinos a carrapatos. No excesso ela afirmou: “Ganhamos onde se produz, perdemos onde se passa férias, bora trabalhar porque se o gado morrer o carrapato passa fome”. O que é irônico é que a Sra. Ângela é natural do estado de Sergipe, que fica no Nordeste. Como se verifica o Brasil não é infenso a manifestação preconceituosa e intolerante. O racismo, a xenofobia, a misoginia e o sexismo estão expostos e são censurados em várias oportunidades. No nosso país a xenofobia se manifesta de forma seletiva. Nem todos os povos recebem o tratamento restritivo de forma igualitária. O exemplo clássico é o congraçamento, festivo e anual, dos imigrantes europeus que se realiza em Blumenau, no estado de Santa Catarina. Aí fica evidente o racismo estrutural, pois a mesma aceitação não ocorre com os povos originários do continente africano e do próprio continente sul-americano, como os venezuelanos, por exemplo.

Esses exemplos referenciados são amostras do universo intolerante à diversidade de gênero, cor, idade e ideologia que se intensificou nos últimos anos quando, no exercício da presidência da República, o candidato derrotado nas últimas eleições passou a proferir frases nada democráticas e tolerantes como: “Fui num quilombo e o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas; O grande erro foi torturar e não matar; Trabalhador tem que escolher entre direitos ou empregos; Não empregaria mulheres com o mesmo salário dos homens; Deveriam ter sido fuzilados trinta mil corruptos, a começar pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso”. Esse clamor que se acentuou ultimamente já vinha amadurecendo, porém só foi possível o seu dimensionamento pela importância nacional e internacional da vítima: Vinícius Jr.

Exatamente como aconteceu lá atras com Muhammad Ali e Martin Luther King, em outro país.

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