VALORES REPUBLICANOS .
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Por Editorial | Edição do dia 15/11/2023 - Matéria atualizada em 15/11/2023 às 04h00
Há 134, nascia a República brasileira, pelas mãos dos militares – tendo à frente o marechal alagoano Deodoro da Fonseca. Era o fim de 67 anos de regime monárquico. Como em outros períodos da história do Brasil, foi um movimento ao qual a maior parte da população permaneceu alheia. Apesar de serem minoria, os civis republicanos souberam explorar bem os constantes atritos que o Exército passou a ter com os governos imperiais.
A República brasileira teve como catalisador um grupo de oficiais de patentes inferiores do Exército que possuíam educação superior ou “científica” obtida durante o curso da Escola Militar, então localizada na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.
Era a chamada “mocidade militar”, fortemente influenciada pelas ideias do francês Auguste Comte, considerado o pai do positivismo. Comte apoiava os ideais da Revolução Francesa, que incluíam o fim da Monarquia, a ampliação dos direitos individuais e a separação entre Estado e religião.
A mudança de regime, entretanto, não implicou uma nova prática política. Depois dos dois presidentes militares, o poder passou às mãos dos civis, mas as marcas do império permaneceram. O presidente da República tinha um poder mais nominal que efetivo e delegava o comando, de fato, à aristocracia rural. O caráter autoritário e excludente do Estado brasileiro continuou intocado durante muito tempo, garantindo os privilégios das classes dominantes.
Ao longo do tempo, o País alternou períodos de liberdade e de regimes autoritários. Há quase quatro décadas, entretanto, o Brasil tem vivido uma fase de maior estabilidade democrática de sua história, em que a população tem amplo direito à participação política.
Do ponto de vista econômico, o Brasil se tornou uma potência regional, mas a riqueza permanece concentrada. A desigualdade social ainda é grande, apesar dos avanços nas últimas décadas.
Pode-se dizer que ainda falta ao País colocar em prática, diariamente, os valores republicanos, principalmente por parte de seus gestores. Esses valores se resumem numa frase: “a supremacia do bem comum sobre qualquer desejo particular”.