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Nº 5882
Opinião

NO MEIO DO CAMINHO .

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Por Alfredo Gazzaneo Brandão – engenheiro e membro da Academia Alagoana de Letras | Edição do dia 15/12/2023 - Matéria atualizada em 15/12/2023 às 04h00

(Para minha neta Letícia)

Fecho os olhos, tento me desligar do presente, voltar um pouco no tempo, na minha vida e tenho, não apenas a sensação, mas a certeza, de ter vivido algo semelhante a um maravilhoso sonho, uma bela história, que me chega, rica em detalhes, recheada de felicidade e coroada de amor.

Consigo vê-la chegando à vida, através das mãos carinhosas de Eleuza e Ediná, duas abnegadas e queridas, que doaram suas vidas à medicina, responsáveis por trazerem vida ao mundo, missão das mais sublimes e maravilhosas.

A alegria dos pais era incontida, visível a um simples olhar.

Os avós, não sabiam se choravam ou se sorriam, enfim, a felicidade estava presente, de forma marcante, evidente.

Incrédulo, olhava, com os olhos marejados, a materialização da magia do amor, do mistério da vida, ali, de forma real, absoluta, palpável.

A primogênita da minha primogênita, estava na minha frente, com seus mais de quatro quilos de pura saúde, rostinho redondo, bochechinhas salientes, cabelos e olhos pretinhos como jaboticabas, a berrar, avisando sua chegada, marcando seu território com muita força e determinação.

A partir daquele momento, já fiz a previsão: Será uma pequena notável.

Que me perdoe Carmen Miranda, por me apossar de seu apelido, mas não poderia haver outro que melhor lhe coubesse. Pequena, pois sempre foi e ainda o é, notável, o tempo provou, confirmando meu pressentimento.

São quatro princesas, minhas netas, mas coube a Letícia, a primeira, a missão de ensinar-me o que é ser avô e não há coisa mais doce e especial que isso.

Ser pai é maravilhoso, é uma experiência única e, como tal, causa insegurança, traz incertezas, conhecimentos e atitudes desconhecidos, é uma nova construção de vida, sujeita, como tudo o que é novo, às consequências do desconhecimento, da inexperiência.

Ser avô é ser pai pela segunda vez, com as vantagens de lhe ser permitido, rever e consertar todas as falhas, que por ventura tenham sido cometidas na primeira versão.

É mais que bom, é ótimo. É a realização de uma missão sem culpas, sem traumas, repleta apenas de doação e de um amor incondicional.

Um bobão amoroso e orgulhoso, é assim que me defino, quando me refiro às netas, cada uma com sua beleza diferente e particularidades específicas e marcantes, mas todas especiais e maravilhosas, por quem sou, indiscutivelmente, apaixonado.

À Lelê, minha Pequena Notável, coube uma missão deveras importante a de me ensinar a ser avô. No esplendor dos seus dezessete anos, decidiu seguir a carreira de seu bisavô Alfredo Brandão, a medicina, tendo concluído com louvor, três dos seis anos que terá de cumprir para, finalmente, ser diplomada médica.

Sim, minha princesa, a estrada é longa, a batalha é árdua e a luta, constante. Com certeza, essa outra metade do percurso, você irá percorrer, coroada de bençãos e vitórias pois, com sua responsabilidade, competência e determinação vencerá todos os obstáculos e, ao final, receberá os louros. Você escolheu a Medicina, consequentemente, fez sua opção pela vida, o maior bem que Deus nos deu.

Ansioso e apressado como sou, quando a encontro, brinco, chamando-a, com orgulho, de minha doutora. Ela, delicadamente, responde: “Vô, tenha calma, ainda estou no meio do caminho”.

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