Avan�os e supera��es
| Marcos Davi Melo * Hoje, não vou chatear os meus poucos leitores e escrever novamente sobre a greve de médicos, que felizmente já foi superada deixando ganhos reais para o Estado, que conseguiu um pouco mais de recursos federais para serem utilizados n
Por | Edição do dia 04/09/2007 - Matéria atualizada em 04/09/2007 às 00h00
| Marcos Davi Melo * Hoje, não vou chatear os meus poucos leitores e escrever novamente sobre a greve de médicos, que felizmente já foi superada deixando ganhos reais para o Estado, que conseguiu um pouco mais de recursos federais para serem utilizados no SUS. Nem tampouco sobre a aceitação da denúncia dos mensaleiros, fato que caracteriza um avanço nas práticas política e jurídica nacionais; vou me deter sobre ingratidões, desapreços, vícios e superações do dia-a-dia que podem acontecer a qualquer um. Reconheço que sempre que atendo um paciente vitimado por um câncer que teve como única causa o cigarro, ainda fico abalado e sinto que é obrigação de todos que trabalham com saúde alertar, gritar, quando tiver o mínimo espaço, que este vício mata, mas antes de matar, muito maltrata tanto a vítima quanto a família. Por isso, e muito mais, foi com satisfação que compareci na terça-feira, dia 29 Dia Nacional de Combate ao Fumo ao programa de rádio do Edécio Lopes; que após um exílio involuntário está de volta. Se como oncologista a questão do cigarro reconhecido pela OMS como a principal causa de câncer e mortes evitáveis em todo o mundo sempre me incomodou e ficava falando disto apenas para os meus alunos, meus pacientes e seus familiares. Devo ao Edécio Lopes as primeiras oportunidades de ir ao ar falando deste assunto para um público maior. Isto há mais de 20 anos atrás quando ninguém ligava pra questão; é uma atividade pioneira que me orgulha. Mais mobilizado ainda fiquei, após tratar um colega cardiologista, amigo de infância, tabagista pesado, acometido por um câncer de pulmão, diagnosticado já em fase avançada. Infelizmente, apesar de tudo que fizemos, ele, ainda muito jovem veio a falecer depois de prolongado e indescritível sofrimento. Atualmente conseguimos alguns avanços reais: existem campanhas ministeriais alertando sobre os males do fumo, o que reduziu a quantidade de fumantes e, conseguimos botar para funcionar na Santa Casa de Maceió, orientados por médicos e psicólogos voluntários, os grupos de fumantes do SUS que não conseguem largar o cigarro sem o apoio de psicólogos e de remédios. Foi uma boa semana: Edécio Lopes, um batalhador vitimado pelo cão negro da falta de reconhecimento, da insensibilidade; voltou à ativa; as voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer voltaram à rua para alertar a comunidade sobre o cigarro e para quem convive com mensalão e mensaleiros, são fatos alentadores e reconfortantes. (*) É médico e professor da Uncisal.