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Nº 5882
Opinião

Dois m�rtires do nazismo - 2

| Dom Edvaldo G. Amaral * Edith Stein nasceu a 12 de outubro de 1891, em Breslávia (Prússia) e entrou no Carmelo de Colônia com o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz em 14 de outubro de 1933. Entre essas duas datas, uma vida de estudos na busca da Verda

Por | Edição do dia 14/09/2007 - Matéria atualizada em 14/09/2007 às 00h00

| Dom Edvaldo G. Amaral * Edith Stein nasceu a 12 de outubro de 1891, em Breslávia (Prússia) e entrou no Carmelo de Colônia com o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz em 14 de outubro de 1933. Entre essas duas datas, uma vida de estudos na busca da Verdade e de angústia sobre a esperança de seu povo hebreu, e enfim, o caminho e sereno da segurança na fé católica, na esteira da espiritualidade beneditina. Em 1913, após os estudos de psicologia, torna-se assessora de Husserl, o pai da fenomenologia. Nesta altura, assim definiu sua vida: filosofia como estrada de vida, ateísmo como posição religiosa e idealismo ético, como compromisso com a humanidade. Laureada em filosofia em 1915, contra a vontade da mãe, vai ser voluntária da Cruz Vermelha. Na escola da fenomenologia, Stein crê na existência da Verdade, intrínseca ao ser, e assim forma-se numa honestidade intelectual a toda prova e capacidade de análise, que lhe permite penetrar nos fenômenos filosóficos, “sem preconceitos” como gostava de dizer. Em 1916, ano de seu doutorado, encontra uma pobre rezando sozinha na catedral de Frankfurt. A descoberta de um Deus, com o qual ter relacionamento pessoal, a impressiona, habituada só às orações em comum na sinagoga. A serenidade de uma católica neoconvertida, diante da morte do marido, chocou-a profundamente. Afinal, no verão de 1921, hóspede de um casal amigo, passou a noite lendo a Autobiografia de S. Teresa de Ávila. Ao amanhecer, concluiu com a exclamação, que mudou sua existência: “Esta é a verdade!” Finalmente, encontrara a Verdade, que tanto procurara na filosofia. Na manhã seguinte, compra um missal e um catecismo. A 1º de janeiro de 1922, recebe o batismo e a eucaristia. Sua vida agora se resume no ensino e em dar conferências em várias cidades da Europa. Discípula ardente de S. Tomás, a abadia de Beuron torna-se seu lugar predileto de meditação e retiro. O abade Walzer é seu conselheiro espiritual. Em 1933, entra no Carmelo, tomando o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz. Continua filha de Israel e pode repetir com orgulho a expressão paulina : “São judeus? Eu também!” (2Cor 11,22) A partir daí, vive profundamente como contemplativa, sofrendo com seu povo a perseguição nazista. As superioras, temerosas pela sua segurança com a ascensão de Hitler ao poder, enviam-na para o Carmelo de Echt, na Holanda. Foi aí que escreveu sua obra principal Scientia Crucis não concluída, porque a 2 de agosto de 1942 é presa pelos nazistas e deportada para Auschwitz . (*) É arcebispo emérito de Maceió.

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