Pelo que a história ensina, o caminho para o desenvolvimento nunca foi uma avenida fácil, tranqüila. Disputas por mercados e pela hegemonia econômica movem guerras desde milênios. Nas chamadas áreas em desenvolvimento (noutros tempos denominadas de “subdesenvolvidas”), o crescimento econômico tem sido um desafio difícil de transpor. O Brasil é um exemplo dessas vicissitudes, cujas feridas mais sentidas quedam-se abertas por regiões inteiras – como o Norte e o Nordeste. Nosso Estado é um exemplo evidente desta contradição. Preso, há séculos, ao monopólio econômico dos derivados da cana, acumula frustrações nas tentativas de viabilização de outros grandes segmentos, vide a opção cloroquímica (derivada do salgema) e a sempre promessa do turismo (sempre empacada). Nas últimas décadas, o segmento terciário tem respondido, em termos de iniciativa privada pela geração de empregos. E, até há poucos dias, esse segmento dava claros sinais de pujança com a instalação de novos supermercados e um novo shopping center. Mas eis que, de repente, a chance de construção de mais um shopping – que ofereceria algo como mil empregos diretos – esbarrou numa invasão de um grupo organizado (pleiteando a doação dessa área para a construção de moradias). Justa reivindicação: construção de moradias para os despossuídos. Mais justa ainda é a reivindicação dos desempregados por mais postos de trabalho, pois apenas pelo labor produtivo é possível a inclusão social verdadeira (no mais é assistencialismo, seja a doação de bolsas ou de casas). Justa é a causa dos que gritam por moradias, injusto é Alagoas perder uma opção real de investimento produtivo pela incapacidade de negociação entre o poder público e segmentos organizados. Testemunha-se aqui uma queda-de-braço pelo atraso.