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Nº 5882
Opinião

G�nios das finan�as

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Por | Edição do dia 06/10/2007 - Matéria atualizada em 06/10/2007 às 00h00

| Ronald Mendonça * Prestigiado na justiça e com o poder ampliado pelo domínio quase absoluto do legislativo, é compreensível que as assertivas do presidente Lula ganhem dimensão exponencial. Uma das últimas brincadeiras do presidente foi apelidar de “choque de gestão” o aparelhamento do Estado com apaniguados. Certamente para justificar os altos salários dessas futuras sinecuras, Lula defende remunerações elevadas e contratação de “pessoas competentes”. Assim falando, Sua Excelência parece ignorar a existência de milhares de funcionários públicos de altíssima competência ganhando merreca. Aliás, foi da sua lavra a autorização para um aumento de 0,1 por cento desse funcionalismo que agora, ironicamente, ele diz querer bem remunerado. Na verdade, por cima da carne seca, com uma máquina de moer o contribuinte da classe média através de impostos e arrocho salarial, o governo precisa pagar a conta pela aprovação da CPMF. É a sandália nova que Wellington Salgado com sua repelente imagem cobrou e deve receber. Empreguismo não chega a ser uma novidade entre nós. Identificado como um dos mais expressivos líderes da política alagoana nos últimos 50 anos, o economista Divaldo Suruagy foi carimbado como o governante que mais empregos públicos concedeu. Foram quinze mil nomeações, se não me falha a memória, entre serviçais, professores, economistas, engenheiros, advogados, pessoal da saúde, aspones, juízes, promotores, desembargadores, auditores e conselheiros do Tribunal de Contas e outros ingratos. Ou seja, do pé rapado aos sultões da máquina pública, passando pelos mamadores de costume. Até os inimigos políticos conseguiam emplacar os afilhados. O “milagre econômico” avalizava o Estado pródigo. Nas voltas que o mundo dá, passada a era Suruagy, assumem o poder no Estado e no País seus mais implacáveis adversários. Cheios de empáfia, com um discurso moralizante, destilando “o social” por todos os poros, o apetite dos “meninos” por cargos e mordomias revelou-se pantagruélico. Nesse aspecto, a esquálida Alagoas ficou de queixo caído com a ascensão de modestos servidores públicos que, do dia para a noite, passaram a exibir excepcional condição financeira. À boca larga, fala-se em acúmulo de imóveis, investimentos em terras e no comércio e até sociedades em prósperas empresas de “factoring”. De repente, quem sabe, foram tocados pelo mesmo condão que transformou Lulinha Júnior num dos maiores gênios das finanças desse País. (*) É médico e professor da Ufal.

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