Vivendo na santidade
| Dom Antonio, O. Carm.* É claro que em alguns momentos experimentamos a quebra deste vínculo em nossa vida, devido às nossas fragilidades pessoais. Em outras ocasiões, num contexto mais amplo, a perda desta unidade entre santidade ministerial e pessoal,
Por | Edição do dia 14/10/2007 - Matéria atualizada em 14/10/2007 às 00h00
| Dom Antonio, O. Carm.* É claro que em alguns momentos experimentamos a quebra deste vínculo em nossa vida, devido às nossas fragilidades pessoais. Em outras ocasiões, num contexto mais amplo, a perda desta unidade entre santidade ministerial e pessoal, tem gerado feridas dolorosas no corpo de Cristo e provocado escândalos contra os pequenos a quem somos enviados a anunciar o reino de Deus. Para isto, é necessário recuperarmos a consciência da sacralidade de nossa pessoa, de nossa missão e das pessoas a quem servimos, não no sentido meramente devocional, mas naquele do mistério que acolhe e revela a presença de Deus. É com esta convicção que o apóstolo Paulo faz eco de sua experiência ministerial pessoal, escrevendo em letras gravadas na própria carne Por conseguinte, com todo o ânimo prefiro gloriar-me nas minhas fraquezas, para que pouse sobre mim a força de Cristo (2 Cor. 12, 9b). Vivemos num mundo onde a banalização do sagrado se tornou algo quotidiano: os espaços, as pessoas, os tempos sagrados foram profanados pela relativização e pelo uso mercantil de tudo. Por isso é muito fácil para nós entrarmos neste mesmo turbilhão e por pouco perdermos nossa própria dignidade. Talvez o caminho esteja em recuperar a sacralidade de nossa pessoa e de nosso ministério, a partir de uma convicção profunda e radical daquilo que somos. Isto exigirá de nós uma experiência de kenosis, um esvaziar-se contínuo, para que Cristo e sua palavra possam habitar em nós, a fim de que os nosso encontros sejam encontros cristificados e cristificantes, nos quais as palavras e os silêncios sejam forças portadoras da santidade e do mistério de Deus. Recuperar a sacralidade dos espaços e das coisas que são sagradas com as quais lidamos, especialmente do ser humano, a fim de que o cotidiano com sua aparente rotina e monotonia, seja lugar de encontro com Deus. Talvez nos questionemos: como celebro os ritos e sacramentos dos quais Deus me fez despenseiros? Eles afetam minha vida pessoal, a partir dos canais comunicadores da graça divina? Aí reside um ensinamento de ouro da doutora da ciência do divino amor, Santa Teresinha: É no ordinário da vida que revela-se o extraordinário de Deus! (*) É arcebispo metropolitano de Maceió.