Conta do descaso - Editorial
Inexorável, começa a ser apresentada a conta pelos prejuízos causados ao meio ambiente alagoano. Durante muito tempo a defesa da natureza foi enxergada através das lentes míopes, deformantes, do preconceito e da ignorância. Ainda hoje, apesar de todas a
Por | Edição do dia 13/11/2007 - Matéria atualizada em 13/11/2007 às 00h00
Inexorável, começa a ser apresentada a conta pelos prejuízos causados ao meio ambiente alagoano. Durante muito tempo a defesa da natureza foi enxergada através das lentes míopes, deformantes, do preconceito e da ignorância. Ainda hoje, apesar de todas as campanhas, todos esforços educacionais, é relativamente pequena a compreensão sobre importância e indispensabilidade de ser mantida uma convivência harmônica entre as comunidades humanas e o meio ambiente. Depois de séculos de descaso e após décadas de agressões mais intensas, causadas pela explosão urbana e pela industrialização, Alagoas começa a perceber os prejuízos acumulados. Para quem considerava (ou considera) o crescimento econômico como um movimento em sentido oposto à conservação ambiental, deve ser um choque perceber (ou ainda não percebem?) o atraso imposto para o adequado desenvolvimento alagoano em função da indiscutível poluição que aflora em áreas essenciais para a multiplicação de novos negócios nas áreas do turismo e do crescimento imobiliário. Certamente o lúgubre e apodrecido riacho Salgadinho é o mais evidente símbolo desse descaso acumulado durante muitas décadas. Mas nossas fantásticas lagoas não estão em bom caminho e, infelizmente, estão sendo cotidianamente vítimas das mesmas ações inconseqüentes, que combinam avidez por lucros, inação do poder público e falta de opções para comunidades carentes. No resumo dessa opereta, o final da cena (nos cenários ricos ou pobres) é o mesmo: esgoto doméstico despejado nos rios, riachos e nas lagoas. Não poderia ser coreografado um final mais infeliz. A conta, no nível de poluição atual? R$ 633 milhões, no mínimo. Quem vai pagar? Você, através de seus impostos. Não será melhor entendermos de uma vez a lição da ecologia?