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Nº 5882
Opinião

Esperando chuva

| Geoberto Espírito Santo * Pelos cálculos da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas), responsável pela expansão da oferta de energia no País, os riscos de déficit de eletricidade ficariam em 3,3% para 2008, subindo para 3,8% em 2009 e 5,7% em 2010. O ONS

Por | Edição do dia 16/11/2007 - Matéria atualizada em 16/11/2007 às 00h00

| Geoberto Espírito Santo * Pelos cálculos da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas), responsável pela expansão da oferta de energia no País, os riscos de déficit de eletricidade ficariam em 3,3% para 2008, subindo para 3,8% em 2009 e 5,7% em 2010. O ONS (Operador Nacional do Sistema), responsável pela operação do sistema elétrico, trabalha com um risco de déficit de energia elétrica de 6,8% para 2008 e valores crescentes para os anos seguintes: 7,2% para 2009 e 10% em 2010. Os níveis máximos considerados aceitáveis pelo governo são de 5%. Não satisfeitos com a pouca transparência do governo sobre o assunto, os agentes do setor (geradoras, transmissoras, distribuidoras, associações de classe) contrataram uma consultoria especializada para fazer esses estudos de acompanhamento. Esse programa, chamado de Energia Transparente, já está em sua terceira edição e mostra que o risco aumentou para 2008 e diminuiu para 2011. Em relação ao estudo anterior, o risco de déficit subiu de 6,5% para 8% em 2008, mas houve uma melhoria para os anos seguintes: passou de 11,6% para 8% em 2009 e de 28% para 14% em 2011. Os estudos da consultoria já estão atualizados com um crescimento anual de 4,8% para o PIB (Produto Interno Bruto) e de 5,3% para a demanda, considerando a elasticidade que existe entre o PIB e o consumo de energia elétrica. Essas diferenças de índices refletem as diversas metodologias de cálculo. A EPE assume que o racionamento é uma medida extrema e só viria com o completo esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas. Já o ONS adota a estratégia dos cortes preventivos na oferta de energia, medida anterior ao completo esvaziamento. Os consultores consideram que em 2008, se a economia continuar crescendo como nesse ano, haverá um desequilíbrio de pelo menos 2.600 megawatts entre a oferta e a demanda proveniente da falta de gás natural nas térmicas da Petrobrás. Não haverá tempo para a mesma colocar nos portos de Pecém (CE) e Rio (RJ) o gás natural liquefeito (GNL) trazido da Nigéria e da Argélia por navios metaneiros. Como não existe solução de curto prazo, vamos outra vez ficar dependentes das chuvas do próximo verão. Se forem favoráveis, não teremos problemas. Se for um período de seca, há riscos de faltar energia já no ano que vem. Para 2010 e 2011, outros anos críticos nos estudos, podemos contar com duas soluções. Investir na eficientização das usinas de açúcar e/ou construir térmicas a óleo combustível e carvão importado, gerando uma matriz mais cara e poluída (*) É professor da Ufal.

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