Predat�rio alagoano
| Maurício Alves * Copiados da natureza, de forma ruim como toda cópia, vieram, para o seio da humanidade os homens predadores dos homens (políticos). É compreensível o comportamento dos animais predadores que, numa certa escala hierárquica, uns vitimam
Por | Edição do dia 26/12/2007 - Matéria atualizada em 26/12/2007 às 00h00
| Maurício Alves * Copiados da natureza, de forma ruim como toda cópia, vieram, para o seio da humanidade os homens predadores dos homens (políticos). É compreensível o comportamento dos animais predadores que, numa certa escala hierárquica, uns vitimam outros, apenas por puro extinto de sobrevivência, como um organograma da cadeia alimentar das espécies. No caso humano é diferente. Este predador age racionalmente e com prazer. Qualquer sentimento presente em sua ação será sempre o indisfarçável orgulho da sucumbência de sua vítima. Não se gera e mantém a fome e a miséria impunemente. Porém, não virá dos miseráveis a Justiça. São fracos demais para isso. Mas possuem a seu lado a suprema ironia manejada pelas leis de causa e efeito, que os predadores se esqueceram de observar. A título de exemplo, podemos olhar para nosso momento político atual, onde os predadores dão sinais de que assumiram completamente o poder. Momento delicado, quando assistimos essa vergonha no nosso Parlamento Estadual, onde, segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, da Casa Tavares Bastos (dos cofres públicos, portanto) foram roubados, descaradamente, cerca de 200 milhões. Temos uma Assembléia Estadual mergulhada na mais completa falta de credibilidade; algo jamais visto na história. A Polícia Federal vem nos mostrando a podridão existente nesse poder. Sofremos o mal da idiotia coletiva? E no nosso caso é mais grave, pois cometemos a idiotice de eleger gente capaz de tais atos. E, numa segunda idiotice, não fiscalizamos, não cobramos as punições necessárias dos criminosos da vez. Ou seja, nós não somos simplesmente idiotas, nós o somos ao quadrado. Quanto aos predadores, é bom que se diga: se culpados, seriam idiotas porque negligenciam a tarefa assumida na posse de seus mandatos. Idiotice múltipla, por não perceberem que estão destruindo o Estado ao qual deveriam servir; porque sujam toda uma classe. Fizeram da política apenas um instrumento de ampliação do sentimento de asco, naqueles que percebem isso e não podem fazer nada. Tudo porque não somos um povo ainda, somos apenas um monte de gente junto. E só. Claro que não se pode esquecer as honrosas exceções. Mas até elas estão fadadas ao fracasso, pois embora em meio à elite política, são minoria e como toda minoria é sempre discriminada. Seria cômico, não fosse a tragédia que isso representa. Que paguemos por isso então, até aprendermos (se tempo houver) que somos nós que criamos e mantemos esses predadores de nós mesmos, predadores da cidadania. Até quando? (*) É filósofo.