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Nº 5882
Opinião

Queimando alimento - Editorial

Em meio à corrida global aos biocombustíveis, os estudiosos alertam: renovável não significa necessariamente auto-sustentável. No afã de faturar alto nas tentativas de substituição dos combustíveis não-renováveis, muitos prejuízos podem ser causados ao me

Por | Edição do dia 08/02/2008 - Matéria atualizada em 08/02/2008 às 00h00

Em meio à corrida global aos biocombustíveis, os estudiosos alertam: renovável não significa necessariamente auto-sustentável. No afã de faturar alto nas tentativas de substituição dos combustíveis não-renováveis, muitos prejuízos podem ser causados ao meio-ambiente, alguns irrecuperáveis. Várias entidades internacionais, dedicadas à pesquisa do manejo e utilização dos recursos naturais, como o canadense Instituto Oakland e a ONG britânica Biofuelwatch, alertam para o risco da panacéia dos agrocombustíveis ser uma “falsa solução”, na medida que a pressa para multiplicação dos possíveis lucros com os combustíveis de origem vegetal possam desencadear um desequilíbrio grave na produção alimentar e, ainda por cima, em função do não planejamento detalhado dos processos produtivos, não propiciar incrementos significativos na redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa. Um dos fatores indicativos do “excesso de velocidade” neste segmento é a intensidade dos investimentos ali realizados, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) – que registra algo como US$ 21 bilhões em 2007. E o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou o investimento de US$ 3 bilhões em projetos privados na produção de biocombustível, em especial no Brasil. Segundo as mesmas fontes, o Banco Mundial teria informado que destinou US$ 10 bilhões no ano passado. Enquanto isso, a ajuda ao desenvolvimento para os cultivos de alimentos teria caído para US$ 3,4 bilhões – esta desproporção é uma das angústias dos estudiosos da correlação de números entre os destinos da produção agrícola no mundo. Investir no desenvolvimento dos agrocombustíveis não pode ser sinônimo de redução na produção de alimentos. Essa equação, ainda irresolvida, é também uma questão de sobrevivência.

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