Ser neurologista é se desafiar a cada dia - os diagnósticos difíceis (com notícias que nem sempre são as mais desejadas), a necessidade ainda insubstituível do nosso exame físico primoroso, tornando nossas consultas longas e densas (ufa! as vezes cansa, confesso), a responsabilidade de (quase sempre) lidar com alguém do outro lado que anseia por respostas e tratamento urgentes. Inegavelmente uma especialidade que nos exige bastante! É para os que gostam!

Apesar dessas verdades (vocês não me deixarão mentir), como é instigante assistir e vivenciar evolução da Neurologia na medicina. Não consigo mais acompanhar os avanços de todas as áreas da neuro (que bom!). Já não tratamos mais o AVC apenas com aspirina e esperando o desfecho inexorável. Continuamos correndo contra o tempo, mas agora entendemos que ele é relativo. Podemos tratar mais pacientes com as ferramentas modernas de imagem. Viva!

Vejam por exemplo, quantas drogas novas temos para tratar a Esclerose Múltipla ou quantos anticorpos descobrimos associados aos quadros psiquiátricos nas encefalites autoimunes. Como tudo mudou tão rápido, aumentando a qualidade de vida das pessoas sob nossos cuidados.

A Neurologia antes expectante e resignada, agora é cada vez mais dos inconformados. Sim, inconformados com os desfechos vamos em busca das provas de conceito, estudamos, teorizamos, hipotetizamos, e, ao final de muito estudo, unidos, modificamos vidas aplicando todo o nosso conhecimento na prática a beira leito.

Sou muito feliz com a escolha da minha especialidade e por dividi-la com colegas tão dedicados e apaixonados pela causa como tantos neurologistas.

E o 15 de outubro, dedicado ao neurologista, também é o Dia do Professor. Parabéns para todos os neurologistas se propõem a difundir o conhecimento como um ato de amor. Não existe missão maior do que a de provocar a curiosidade e mudar o mundo por meio meio do estudo.