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Nº 5869
Opinião

Pregos, espinhos e o Natal .

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Por Alberto Rostand Lanverly presidente da Academia Alagoana de Letras | Edição do dia 11/12/2024 - Matéria atualizada em 11/12/2024 às 04h00

Início de dezembro, compareci à uma loja de ferragens, na expectativa de adquirir itens necessários para consertar pequena cerca que protege jardim que cultivo. Já na fila do pagamento, bem à minha frente, duas criaturas conhecidas criticavam um outro, também muito popular na cidade, com o qual, na expectativa de tê-lo como degrau e atingir expectativas, regulamente convivem, e as quais já ouvi rasgarem efusivos elogios, quando em sua companhia.

O epicentro da conversa encontrava-se em recente acontecimento organizado por muitos mas dirigida pelo último e que houvera sido um sucesso, mas que para a dupla, o brilho do evento pareceu ofuscante demais, não pela sua falta de qualidade, mas pela ausência de um palco que os destacasse como desejavam.

Naquele instante, pensei que a falsidade dos conversadores, o prego que comprara, espinhos do meu roseiral e o Natal que se aproxima parecem elementos distantes, mas se observados com profundidade, revelam simbologia comum, por compartilharem essência pontiaguda e penetrante, cada um ferindo de maneira única. Um finca-se nas estruturas para unir materiais; outro, por sua vez, é a defesa natural da planta. Já a falsidade é a agulha invisível que surge no coração humano, fruto de desejos não realizados.

Deixei o local pensando no nascimento de Cristo, quando o mundo se veste de luzes e sorrisos, porém pessoas falsas permanecem ocultas entre decorações, se assemelhando aos elementos perfurantes, encontrando, em meio à celebração de paz e união, formas de camuflar-se em discursos doces e promessas reluzentes, mantendo suas intenções afiadas como estiletes bem escondidos.

O espirito do Natal convida-nos a retirar esses “pregos” da hipocrisia e a buscar a sinceridade. Assim como a madeira pode ser restaurada, rosas permanecem cheirosas, nossas relações carecem de fortalecer quando reconhecemos e evitamos o falso. pois a natividade é tempo de suavizar marcas, de preencher vazios com gestos verdadeiros, e construir laços que não precisam de estiletes de conveniência para se manter de pé.

Que o final de mais um ano nos inspire a sermos mais verdadeiros, a cultivar relacionamentos firmes. Afinal, nada representa melhor essa época do que a autenticidade do amor e da compaixão.

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