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Um novo führer? .
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Orson Welles consagrou-se como um dos maiores nomes do cinema de todos os tempos, como ator e diretor de filmes memoráveis, entre os quais ‘Cidadão Kane’ (considerado o melhor filme já realizado), ‘O Outro Lado do Vento’ e ‘A Marca do Diabo’. Welles já se destacara no rádio norte-americano na década de 40 quando, na cidade de Nova Iorque, através de uma emissora de rádio, em uma noite fria, irradiou que a metrópole estaria sendo invadida por marcianos.
O povo acreditou e se apavorou, abandonou os seus apartamentos apressadamente, vestindo pijamas, e entupiu as ruas e pontes que ligam Manhattan ao continente, fenômeno que só se repetiu décadas depois, no 11 de setembro, com o ataque às torres gêmeas. Aquela multidão só sossegou e retornou para casa depois que Welles garantiu pelo rádio que aquilo era só “uma brincadeirinha”.
Na Guerra Fria, os ‘inimigos’ não precisavam vir do espaço, estavam próximos, gravitavam em torno da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que ameaçavam ‘invadir’ o mundo livre - o ocidente capitalista. Um exemplo disso foi o Macarthismo (uma referência ao senador Joseph McCarthy que o liderou), um período de forte repressão política, perseguição de pessoas e instituições acusadas levianamente de comunismo e que teve entre suas vítimas principais artistas e diretores de cinema. Charles Chaplin foi uma de suas vítimas. O senador McCarthy teve um final melancólico, acusado, processado e condenado por corrupção.
Na Europa, a manipulação da opinião pública teve em um austríaco cruel e paranoico o seu auge: ele conseguiu convencer a população da desenvolvida Alemanha que os responsáveis por seus problemas eram os judeus, em primeiro lugar, seguidos pelos ciganos, os homossexuais, os deficientes físicos e mentais e os eslavos.
Hitler, o führer, convenceu o povo alemão de que ele era uma raça pura predeterminada a governar o mundo, o que resultou na Segunda Guerra Mundial e em mais de 60 milhões de mortes, entre as quais 6 milhões de judeus.
O governo Trump inicia tendo como ‘inimigos’ os imigrantes e a cultura “woke”: é a guerra cultural, demonstrada nas deportações em massa e na tragédia do acidente do helicóptero do Exército com o avião da American Airlines, quando sem nenhuma evidência, declarou, que a agencia reguladora de voos dos EUA (FAA) era dirigida por deficientes mentais. Já encrencou com os dois vizinhos e a China, uma ditadura de partido único, que é economicamente capitalista e que retaliou. Uma guerra comercial movida por tarifas no comércio internacional será uma fonte de inflação, ameaça de recessão e tensão geopolítica. Trump, com sua política ao mesmo tempo isolacionista e expansionista está empurrando uma parcela do mundo para o colo da China.