loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quinta-feira, 13/03/2025 | Ano | Nº 5922
Maceió, AL
28° Tempo
Home > Opinião

Opinião

Geena ou a montanha de Macei�

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Nesta última manhã de sábado despertei tomado de uma melancolia profunda. Estava eu muito entediado, diria aborrecido, diante do espetáculo do mundo com suas guerras e suas ignomínias. Não sei se já tiveste, amigo leitor, aqueles momentos desgostosos vindos com a lembrança das decepções que nos carreiam ao desencanto; a achar que tudo é em vão e que não há remédios suficientes para os males do mundo. Esta minha tristeza teimosa não se dissipou nem com o sol abundante do sábado nem com o anúncio do fim do governo Bush. O leitor amigo pode achar um exagero da minha parte, porém, nesses momentos, nem a morte me serve. E já que a morte, até este momento, nunca me atraiu nem me seduziu e, em verdade, sempre fui renitente a ela, procurei encontrar a vida nas revistas e jornais antigos que se acumulavam pelos cantos da casa. E os tinha aos borbotões nos cafundós domésticos após minhas férias. Busco e rebusco alguma coisa que me interesse e dou de cara com um artigo do meu colega de diretoria da Casal, Álvaro Menezes, arengando com uma montanha em Maceió. Artigo de truz, soberbo. O meu amigo Álvaro nunca arredou pé de bons embates e escaramuças, porém, enredar-se com uma montanha de lixo me parece um despropósito. Não conhecia essa peculiaridade curiosa do amigo. Como um geógrafo sai a descobrir, a descortinar novas geometrias na cidade, como a montanha do nosso lixão, a nossa “Geena”, que surge e se agiganta aos olhos dos que passeiam pela orla da aprazível Jatiúca. Maceió é cantada, em verso e prosa, por suas praias e não por suas montanhas, as quais não as temos, pelo menos as naturais. Neste aspecto perdemos feio para os suíços, com seus altaneiros picos alpinos e para os irmãos – ai, que inveja! – argentinos e chilenos com as portentosas cadeias de montanhas andinas. Ah, amigo Álvaro, lamentavelmente não há nenhuma possibilidade de nossa “Geena”, nossa montanha de lixo, elevar-se, ascender aos píncaros do céu para acariciar o astro-rei ou enganchar-se aos cornos da lua, como o arrogante Aconcágua ou o imponente Licancabur, colocando-nos, definitivamente, no circuito turístico internacional dos amantes do alpinismo! Como bom engenheiro que és, tu sabes que o lixo, pela maneira como lá é disposto, fica propenso a escorregamentos e a nossa montanha, ao invés de ascender, espalhará sua base, engolindo tudo em torno, como a incúria e a maldade dos homens. (*) É engenheiro da Casal.

Relacionadas