Arapongagem
Abin espionou dois parlamentares de Alagoas, afirma a Polícia Federal
Investigações apuram suposto esquema de espionagem ilegal contra Arthur Lira, Renan e outras pessoas

O suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Jair Bolsonaro (PL) atingiu o atual Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o senador Renan Calheiros (MDB).
Segundo apurou o G1, a lista de supostas vítimas da espionagem ilegal inclui outros parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas (veja lista no final do texto).
Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em uma nova fase da operação Última Milha – que, desde 2023, investiga o possível uso ilegal de sistemas da Abin para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro.
Nesta nova fase, a apuração está robustecida por dados encontrados nos aparelhos celulares de ex-integrantes do órgão, que falam, inclusive, em usar monitoramento ilegal para “explodir” adversários.
A PF confirmou, por exemplo, que o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teve sua movimentação monitorada pelos ex-integrantes da Abin. O monitoramento ilegal de Rodrigo Maia teria sido feito por ordem de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro.
Ao blog da Daniela Lima, do G1, Maia disse que a espionagem foi um “ato totalitário e criminoso”. Além dele, os diálogos revelam espionagem de escritórios de advocacia, deputados, senadores e adversários políticos de integrantes do governo que atuavam na Esplanada dos Ministérios. A lista de monitorados inclui deputados e senadores do PP, MDB lulistas.
A investigação da Polícia Federal ainda mostrou diálogos entre os investigados indicando possíveis ações clandestinas contra membros do Judiciário, contra Alexandre de Moraes e o ministro do Supremo, Roberto Barroso, “com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”, diz a decisão.
Os mandados de prisão foram cumpridos em cinco estados e no Distrito Federal. Houve também sete mandados de busca e apreensão.
Conforme as investigações da Polícia Federal, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas:
• Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
• Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, e Joice Hasselmann. E os senadores: Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.
• Poder executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo e servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
• Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista
Por meio das redes sociais, o senador Renan Calheiros afirmou que, como democrata, lamenta e repudia que estruturas do Estado tenham sido criminosamente capturadas para atuar como policias políticas. “Sigo confiante nas instituições, na apuração, denúncia e julgamento dos culpados”, declarou.