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Nº 5868
Política

POLOS TECNOLÓGICOS ESTÃO ABANDONADOS EM ALAGOAS

Unidades localizadas em Jaraguá, na capital, e em Batalha e Arapiraca, no interior, são prédios vazios e improdutivos

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 26/10/2019 - Matéria atualizada em 28/10/2019 às 14h39

/Fachada de prédio histórico de Jaraguá esconde um imponente imóvel vazio que deveria ser o Polo Tecnológico de Maceió
/Em Jaraguá, prédio imponente que abrigaria polo tecnológico de Maceió está esvaziado

A lentidão do governo Renan Filho (MDB) em definir uma política clara de incentivo e desenvolvimento da tecnologia, em Alagoas, é visível. A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), que deveria ser a cara da modernidade da gestão, se transformou num cabide de empregos e acomodação de gestores oriundos de acordos políticos. O reflexo disso está na incapacidade de fazer funcionar os polos tecnológicos da capital, em Jaraguá e no interior do Estado nas cidades de Arapiraca e Batalha. Se no primeiro mandato contava com o cientista e pós-doutor Pablo Viana, secretário com maior titulação e reconhecido internacionalmente por sua atividade, no momento tem Ceci Rocha, que nunca teve vínculo com a área tecnológica do Estado. Formada em marketing e pós-graduada em Gestão Empresarial, ela foi primeira dama da cidade do Pilar, onde desenvolveu excelente trabalho na área de assistência social. Os três polos compõem o chamado Parque Tecnológico de Alagoas. No papel, entre outras coisas, atrairiam desenvolvimento com a presença de empresas na área de tecnologia e na criação de ações inovadoras com impacto no mercado local. Na prática são prédios ocos, que não funcionam e, principalmente, não têm um modelo de gestão. O único que se encontra em discussão, para a capital, se baseia no modelo aplicado em Santa Catarina. Como nasceu na gestão do ex-governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), quando tinha à frente o pesquisador e professor Eduardo Setton, da Ufal, ao todo a obra se arrasta há cinco anos.

De lá para cá, no quesito inovação e tecnologia, o governador somente tem acesso por meio da estrutura de comunicação com transmissão online que o cerca. De acordo com o que já foi divulgado pela Gazeta, os trabalhos de som e imagem com abastecimento nas redes sociais estão avaliados em pouco mais de R$ 4 milhões para esse fim.

MACEIÓ

Em Jaraguá, o prédio imponente com uma área de 5.227 m2 tem 6.136,16 m2 distribuídos em quatro pavimentos, um verdadeiro “palácio de cristal” que deveria representar inovação e tecnologia, por ser totalmente fechado em vidro, vai consumir muita energia, desprezando a localização estratégica que poderia ter um projeto sustentável que gerasse economia ou até mesmo pudesse lançar mão da energia solar, para diminuir a futura conta. A obra, denominada Polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços, que um dia deve ser inaugurada, tem uma história faraônica. Inicialmente tinha previsão de entrega em 2016. Depois passou para 2017 e parou novamente em 2018. Em maio deste ano já teve uma nova promessa depois que a obra recebeu autorização para ser retomada. As matérias sobre sua construção sempre falam de algo que está previsto, mas nunca é concluído. Falta planejamento e, principalmente, perspectiva de aquisição de equipamentos, implantação de redes e um modelo operacional. Ainda assim, a titular da pasta integrou a comitiva da Missão China, que foi ao país asiático “vender” Alagoas, mas que especificamente a pasta nunca prestou contas do que apresentou por lá. Enquanto isso, em Jaraguá, apenas um vazio vigiado 24h, abrigando pombos, poeira e gatos, sem nenhum operário realizando qualquer construção. A área já chegou a ser fiscalizada pelo deputado estadual Davi Maia (DEM), em 26 de maio, época em que publicou em suas redes sociais um vídeo mostrando o abandono do prédio. “O Polo Tecnológico serviria para desenvolver as startups, desenvolver as empresas, desenvolver a economia criativa, as empresas 5.0. No entanto, as obras começaram em 2014, era para ser entregue em dezembro de 2015. Já foram gastos quase R$ 15 milhões e você tem um prédio até hoje abandonado”, disse Davi.

PROPOSTA

Para não ficar apenas com uma postura crítica quanto ao abandono do projeto, o parlamentar também revelou ter apresentado propostas, com base na inciativa privada, para viabilizar o seu funcionamento. “Inclusive, fizemos algumas sugestões. Estivemos no Cubo Itaú, em São Paulo, onde vimos um indutor de desenvolvimento, bancado pela iniciativa privada. Assim, trouxemos várias sugestões para o Polo de Maceió. O governo do Estado não tem isso em seu radar”, apontou o deputado Davi Maia. Em comparação com o município, que alterou a lei para incentivar com ISS e o IPTU para empresas de tecnologia, o governo do Estado está bem distante. Aliás, isso já havia sido notado pelo parlamentar, que também criticou a desarticulação entre ambos, uma vez que o Jaraguá é estratégico para as duas gestões.

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