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Nº 5868
Política

PROMOTOR DENUNCIA GOVERNO DE AL POR FALTA DE VAGAS PARA SEMIABERTO

Ministério Público Estadual ajuíza Ação Civil Pública contra o governo dando prazo de oito meses para o problema ser resolvido

Por Jobison Barros | Edição do dia 22/01/2020 - Matéria atualizada em 22/01/2020 às 09h20

O governo Renan Filho (MDB), mais uma vez, está na mira do Ministério Público Estadual (MPE). A situação, agora, envolve o regime semiaberto, que não contempla vagas em Alagoas. Por esta razão, a Promotoria de Justiça de Santa Luzia do Norte ajuizou, neste mês de janeiro, uma Ação Civil Pública (ACP) com o objetivo de fazer o poder público implantar o sistema semiaberto de regime para reeducandos em cumprimento de pena. Na petição, o promotor de Justiça Lucas Saschida requer que o Judiciário determine prazo de oito meses para que essa finalidade seja alcançada. De acordo com ele, Alagoas é o único Estado da federação que não dispõe de vagas para o semiaberto. Na ação, o promotor argumenta que, no Brasil, conforme dados atualizados até junho de 2017, pelo Infopen (sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro), 43,57% da população condenada cumpre pena em regime fechado, 16,72% em regime semiaberto e outros 6,02% em regime aberto. Em Alagoas, 28,76% dos presos estão em regime fechado e 24,01% em regime semiaberto. Porém, segundo Lucas Saschida, o percentual de vagas destinadas ao semiaberto é de 0% aqui no estado, o que ele considera “descaso e vergonha nacional”, uma vez que esta é a “única unidade da Federação a ostentar tal título”. “Potencialização de reincidência, inobservância dos objetivos de ressocialização, descumprimento do direito fundamental à individualização da pena, falta de eficiência na fiscalização do cumprimento da pena, ausência de setores e competências envolvidos na garantia de serviços de rotina, assistência social, procedimentos e fluxos de desligamento, processos de vinculação social e preparação para a liberdade plena e gestão eficiente e específica de informações são umas das várias consequências dos fatos que ora se expõe”, detalhou o promotor de Justiça.

Promotor Lucas Saschida é o autor da Ação Civil Pública movida contra o governo de AL
Promotor Lucas Saschida é o autor da Ação Civil Pública movida contra o governo de AL - Foto: Divulgação
 


O PEDIDO DO MPE

Dentro da ACP, o Ministério Público requer à Justiça que, dentro de oito meses, o estado implante o regime semiaberto de cumprimento de pena, com estruturas subjetiva e objetiva suficientes à demanda e às obrigações inerentes ao instituto, trazendo aos autos toda a documentação que comprove o cumprimento da obrigação, inclusive colacionando, no prazo máximo de dois meses, um estudo pormenorizado para o cumprimento da obrigação, com especificação das etapas e prazos respectivos. “O que queremos é a obrigação de fazer consistente em promover todas as medidas necessárias ao cumprimento integral da legislação”, afirmou o promotor. Para Lucas Saschida, o juízo de Santa Luzia do Norte, para obrigar o Estado a implantar o semiaberto em Alagoas, tem a alternativa de promover bloqueio de bens do Executivo. “O Poder Judiciário não deve compactuar com a desídia do Estado, que, condenado pela urgência da situação, revela-se indiferente à tutela judicial deferida e aos valores fundamentais que lhe dão ensejo. Assim, é imperioso se lembrar que é perfeitamente possível, bastante usual, aliás, o bloqueio de bens do Estado, como forma de se garantir a efetividade do provimento judicial ora pretendido”, explicou o promotor.

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