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Nº 5897
Política Rui também pode indicar vice de Alfredo Gaspar, caso especulações sejam confirmadas

RUI APONTARÁ NOME PRÓPRIO À SUCESSÃO NA PREFEITURA

Prefeito vem sendo alvo de fake news dando conta de que teria selado acordo com o governador Renan Filho de olho em 2022

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 29/02/2020 - Matéria atualizada em 29/02/2020 às 13h50

A pressa em fechar articulações para a eleição municipal em Maceió fez o grupo do governador Renan Filho (MDB) “plantar” uma notícia falsa, bem ao estilo fake news antes do carnaval. De acordo com a versão apresentada por blogueiros palacianos, o prefeito Rui Palmeira (sem partido) teria feito um “acordo” de bastidores com o Palácio República dos Palmares para apoiar o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, na corrida à Prefeitura de Maceió. Tudo para ser apoiado em 2022 na eleição para governador e apoiar o atual chefe do Executivo estadual para o Senado Federal. A suposta solução mágica, que nunca existiu, veio à tona depois da constatação de que Alfredo Gaspar pode não se filiar ao MDB. Logo, não estará submetido às orientações do grupo político do governador. Ou seja, ele até pode receber o apoio do Palácio, mas está consciente de que poderá construir sua própria história, uma vez que, graças ao seu carisma, sua conduta e o recém-adquirido capital político, não precisa curvar-se a Renan Filho eternamente. Vale lembrar que foi ele quem o colocou no primeiro escalão do governo, como secretário Estadual de Segurança Pública, em seu primeiro mandato. De acordo com a apuração feita pela reportagem, nenhuma conversa aproximando Rui Palmeira de Renan Filho ocorreu, como também não existe a tal articulação de futuro. Na verdade, ao romper com o PSDB, na sexta-feira (21), o prefeito deixou em aberto o seu apoio tanto para o ex-prefeito, ex-governador e ex-deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) ou até mesmo Alfredo Gaspar, mas por uma questão simples: está decidido a não apoiar João Henrique Caldas (PSB). Essa é a única certeza depois que o presidente do diretório estadual tucano, o senador Rodrigo Cunha (PSDB), preferiu optar por retribuir o apoio de João Henrique Caldas quando este articulou a entrada de sua mãe, Eudócia Caldas, como sua primeira suplente na chapa para o Senado. Rui, inclusive, mesmo saindo da legenda, não brigou com Cunha, ou muito menos com o diretório nacional. Mas deixou claro que, com a aprovação de seu mandato, o fato de não ter tido nenhum caso de corrupção em seu governo, muito menos ter sido envolvido em operações da Polícia Federal, poderia lançar um candidato para a cabeça da chapa municipal. Isso não está definido. Ele deu tempo ao partido e somente esta semana, ao retornar de Brasília (DF), onde passou o carnaval, irá analisar os novos cenários. A aproximação com Gaspar, se for confirmada, não passará por nenhum acordo futuro, mas apenas pela condicionante de ser o candidato anti-JHC. Neste sentido, pode até vir a indicar ou propor o nome do seu candidato a vice. Desta forma, pode criar um novo laço e aliança política que exclua ou abale o controle que o grupo do governador acreditava ter sobre Gaspar. Ou seja: o tiro que parecia certeiro pode sair pela culatra. Tudo porque um dos motes de Alfredo será a “honestidade e combate à corrupção”, o que, por certo, não combina com a realidade do outro lado, envolvido em denúncia sobre recebimento de propinas para campanha eleitoral e desvios de recursos em áreas como Educação e Saúde no Estado. Além de enxergar esse obstáculo, Alfredo também sabe que Rui, em seu segundo mandato, enfrentou vários problemas para a liberação de recursos em Brasília, devido a articulações do grupo palaciano para atrapalhar a sua gestão. O caso mais recente foi a luta para liberação do empréstimo para o Programa Nova Maceió. Ainda em Alagoas, o processo havia emperrado no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Coube ao prefeito denunciar o fato, já que todo o trâmite legal havia sido feito pelo município, mas, ainda assim, a então conselheira Rosa Albuquerque não havia liberado as certidões necessárias. Foi preciso o desembargador Fernando Tourinho conceder liminar determinando a emissão dos documentos. Em Brasília, não fossem as articulações do ex-senador Benedito de Lira (PP) e o apoio do senador Fernando Collor, ele terminaria o mandado, literalmente, com “pires na mão” e sem entregar para o maceioense obras estruturantes e de mobilidade. O próprio prefeito, para garantir êxito no processo, esteve em Brasília na Comissão de Assuntos Econômicos para evitar a perda dos R$ 400 milhões. Se, de fato, o apoio a Alfredo Gaspar se confirmar e as negociações avançarem, Rui poderá indicar o seu vice, segundo o que já foi divulgado. E, no atual contexto, um dos nomes fortes do grupo que pode ocupar esse espaço é o do atual secretário municipal da Saúde, José Thomaz Nonô, atual presidente do diretório estadual do Democratas (DEM). A legenda, inclusive, pode ser escolhida por Rui em virtude da sua estrutura consolidada em todo o Estado para seu projeto político, que foca a disputa pelo governo estadual em 2022. No momento, Nonô é peça-chave da relação, em Brasília, para a escolha do futuro prefeito. Isto porque, tanto o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, quanto o do Senado Federal, Davi Alcolumbre, são do seu partido. Ambos, inclusive, têm trânsito com o governo federal e serão importantíssimos numa eventual gestão com o apoio do DEM em Maceió. Outro detalhe importante é que Nonô conviveu com Jair Bolsonaro (sem partido) quando este era deputado federal, conhecendo, portanto, o seu temperamento. “O vice é a última escolha do processo. É ele quem define. O vice tem que agregar e ter votos. Outra coisa: ele não se impõe, nem se apresenta, mas é fruto de toda a discussão. Gosto do Alfredo [Gaspar]. Não tenho nenhum problema com ele. É sujeito decente e correto. Mas só falaremos claramente sobre isso quando, de fato, deixar o MP para a disputa. Até lá, minha preocupação é com a montagem da chapa proporcional do DEM para vereador”, disse Nonô. O atual secretário da Saúde de Maceió voltou a dizer que, no momento, quem mais influencia qualquer decisão do DEM é a posição de Rui Palmeira. Por isso, não só agora, mas principalmente com sua saída do PSDB, Nonô foi enfático: “O DEM esteve, está e estará à disposição dele (Rui)”. Até a última sexta-feira (28), nem Rui nem Nonô “bateram o martelo” sobre se marcharão com Gaspar. Mas o fato novo é que, para Alfredo, de fato, Nonô é o seu nome preferencial. Não que Tácio Melo (Podemos), superintendente Municipal de Iluminação, não tenha “luz própria”, entretanto, se Rui for mesmo para o DEM, o partido sairá com um passo à frente nessa disputa de bastidor.

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