Sem ação efetiva por parte do governo Renan Filho (MDB), as cenas de caos se repetem no Hospital Geral do Estado (HGE) com pacientes à espera de cirurgias e acomodados em maca nos corredores da unidade. Ontem, havia gente até mesmo deitada no chão, devido a falta de leito. Acompanhantes dos enfermos denunciavam a situação de calamidade no local. “Infelizmente estamos passando por uma situação terrível aqui dentro desse HGE. Estamos com nossos familiares sem leitos. Estou com meu irmão há quatro dias à espera de cirurgia e [ele] se encontra no chão do hospital. Isso é lamentável. Infelizmente essa é a situação da saúde em nosso estado de Alagoas. Pagamos impostos em dia sem retorno. A situação é de calamidade pública. Por favor, autoridades, tomem uma posição”, declarou uma acompanhante de um paciente com o braço quebrado, que aguardava pelo procedimento cirúrgico deitado em um dos corredores do hospital. Desde que a Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria Geral da União (CGU) identificaram desvio de recursos de aproximadamente R$ 30 milhões, destinados à compra de órtese, prótese e materiais especiais a serem utilizados em cirurgias ortopédicas, durante a chamada Operação Florence, em dezembro do ano passado, que a situação no HGE se agravou ainda mais. Na ocasião, servidores públicos, parentes de políticos, entre os quais o vice-governador Luciano Barbosa (MDB), entre outros indicados politicamente acabaram presos na operação, que resultou na abertura de inquérito em andamento na Justiça Federal. Desde então, o Conselho Regional de Medicina (CRM), o Conselho Estadual de Saúde (CES) e órgãos como o Ministério Público Estadual já haviam identificado e cobrado solução aos problemas, que vão desde a falta de ar-condicionado, que se mantinha ontem a até mesmo deficiências estruturais, extintores de incêndio fora do prazo e sem condições de uso, sala de centro cirúrgico sem funcionar, geradores dos anos de 1970, entre outros. Somente o CES havia apontado mais de 20 transtornos no hospital, que colocam em risco à vida de pacientes, acompanhantes e profissionais que atuam no local. Sem as condições devidas à realização de cirurgias ortopédicas, que estão entre as mais requisitadas no HGE, a Secretaria de Estado da Saúde decidiu transferir pacientes para o procedimento em hospital na cidade de Coruripe, mas sem conseguir atender a demanda. O resultado é o visto pelos corredores da unidade com vítimas sofrendo, enquanto aguardam pelo atendimento. No último dia 11 de fevereiro, novos vídeos e fotos revelavam situação semelhante as ocorridas ontem, sem que haja indicativos de que o quadro venha a melhorar no principal hospital de emergência de Alagoas.
Outro Lado
Em nota, a gerência do Hospital Geral do Estado esclarece que "esta unidade hospitalar é porta aberta, referenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na assistência ao trauma, queimados, agressões, vítimas de infartos, acidentes vasculares e urgências clínicas como apendicite a hemorragias digestivas agudas. O HGE atende, em média, 400 pessoas por dia, onde 60% delas chegam ao hospital andando, podendo ser assistidas nas UPAS ou unidades de atenção primária".
Esclarece ainda que, os usuários presentes na recepção da Área Azul estão no início do atendimento, nem sempre sendo necessária a internação no HGE.
Informa que, na atual gestão mais de 500 novos equipamentos foram adquiridos pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para contribuir efetivamente nos serviços de urgência e emergência reconhecidos pelos alagoanos por sua qualidade assistencial. Entre eles, 37 aparelhos de ar condicionados.
"A gerência reafirma o compromisso com a saúde da população alagoana, orientando aos acompanhantes e pacientes que, em caso de dúvidas quanto ao atendimento, o setor de Ouvidoria pode ser acionado, seja presencialmente no 1º andar da unidade ou pelo telefone (82) 3315-7458", diz o texto da nota.