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Nº 5897
Política Paulão tem sido o deputado com posição mais clara dentro da bancada federal alagoana quanto ao caso de Bolsonaro

DEPUTADOS FEDERAIS SILENCIAM SOBRE IMPEACHMENT DE BOLSONARO

Parlamentares optam, no momento, por observar os movimentos do presidente da República

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 09/05/2020 - Matéria atualizada em 09/05/2020 às 06h00

A crise institucional que bate a porta do governo do presidente Jair Bolsonaro gerada com a saída do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ainda gera debate, mas também muita omissão. Seja pela dúvida de como se posicionar ou cuidado com o que dizer, a bancada federal alagoana ainda não tem opinião formada sobre se houve ou não ingerência e o cometimento de crime por parte do presidente da República, ao supostamente interferir na indicação do substituto do ex-diretor da Polícia Federal, Alexandre Valeixo. Segundo Moro, a interferência além de tirar sua independência no cargo, poderia beneficiar a um suposto interesse pessoal de Bolsonaro, em especial na superintendência da PF, no Rio de Janeiro, onde corre uma investigação contra o filho Flávio. Além disso, o presidente também teria manifestado preocupação com a investigação da polícia contra deputados bolsonaristas que poderiam ter participado de atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e, ainda, com o avanço da investigação da CPI das Fake News e a suposta existência do Gabinete do Ódio. Diante desse contexto, que se avançar judicial e politicamente, e que pode mais adiante culminar com a análise, em plenário, de um dos 29 pedidos de impeachment contra o presidente, parte da bancada prefere aguardar. A exceção é o deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), que conforme orientação do partido postou várias mensagens com a #ForaBolsonaro. Na avaliação do deputado, houve ingerência e há material fático que pode culminar sim com um processo político e jurídico contra o presidente. “A briga do Bolsonaro e do Moro é de quadrilha. A raiva de Moro é porque não foi indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi o principal protetor do Bolsonaro e da sua família”, escreveu em sua rede social. A perspectiva que sustenta sua crítica e pressão pela queda de Bolsonaro inclui também o seu comportamento inadequado ou até criminoso em relação ao combate à pandemia do novo coronavírus. Segundo o petista, além de mal exemplo, quando apoia e participa de atos públicos ele coloca em risco e desrespeita a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Governo Bolsonaro não cuida das pessoas. Faltam testes, equipamentos e UTIs para salvar vidas. Ele e seus seguidores fazem a política da morte. Afrontam as leis, sob o manto da imunidade do cargo. E o Ministério Público Federal e o STF calados. Como diz o poeta espanhol: os omissos lavam às mãos numa bacia de sangue”, disse Paulão em outra postagem. O silêncio de alguns deputados sobre a crise política/institucional também se deve ao fato do deputado alagoano Arthur Lira (PP), no momento, ser um dos principais articuladores da base de apoio de Bolsonaro. Líder do chamado Centrão, que reúne partidos de centro, conhecidos por serem “governistas” independente da origem ideológica dos governos do país ele pode ser o “fiel da balança” para garantir espaço para seus demais colegas. Leia-se não só a liberação de recursos, como possibilidade da conquista de cargos e, principalmente, visibilidade junto as ações do governo no Estado. É isso que aproxima, ainda mais, os deputados de suas bases, bem como da “pavimentação” política para suas respectivas reeleições, já que se atenderem a necessidades dos prefeitos garantem apoios futuros. Por isso quando o assunto é a crise, o próprio Lira passa longe de qualquer discussão sobre isso. Até porque, na semana passada, sua aproximação com Bolsonaro já lhe garantiu uma importante indicação de Fernando Leão, para o Dnocs, que tem orçamento de R$ 1 bilhão. Se de um lado o petista avança na crítica, por outro, seu colega de parlamento o deputado Nivaldo Albuquerque (PTB), passa longe da crise política e prefere apresentar sua atividade política. A prova disso é que em seu último vídeo na rede social destaca os R$ 13 milhões em emendas que garantiu para municípios alagoanos.

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