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JUÍZA FOI AO BALDOMERO PARA OUVIR DENÚNCIAS DOS DETENTOS
Renata Malafaia decidiu ir ao sistema prisional após saber que Braga Neto também esteve no local
Por Da Redação | Edição do dia 06/06/2020 - Matéria atualizada em 06/06/2020 às 06h00
De acordo com o inquérito, a juíza Renata Malafaia Vianna declarou ter tomado “conhecimento de que o juiz Braga Neto foi ao sistema penitenciário conversar com o diretor do Presídio Baldomero Cavalcanti, Vinícius Lamenha de Vasconcelos”, e que, “no diálogo, teria dito ao gestor que sabia da investigação iniciada na Deic, com interrogatório de presos que ele, inclusive, já sabia os nomes. “A informação foi repassada à magistrada pela chefia especial de Unidades Penitenciárias, ainda dando conta de que os presidiários queriam recebê-la para uma conversa”, diz o documento. Diante da presença do titular da Vara de Execuções naquela unidade prisional e do pedido dos reeducandos, segundo a polícia, a juíza “foi até o Baldomero e abordou o detento José Evaldo da Silva, que revelou à magistrada o recebimento de um recado de que Braga Neto queria conversar com ele pessoalmente, fato que o deixou temeroso”. Ele informou que tinha prestado depoimento à polícia, recentemente, e no qual delatou o “esquema criminoso”. O presidiário ainda falou, de acordo com o inquérito, que foi procurado pelo advogado Fidel, o qual teria alegado que “somente teria aderido à máfia por conta de dificuldades financeiras, pedindo para que ele não falasse seu nome à polícia”. No entendimento da magistrada, segundo os delegados, “a atitude do profissional do Direito se configura em uma forma de intimidação para que os detentos não revelassem a atuação ilícita de Hugo”. A juíza Renata Malafaia contou, ainda de acordo com o documento policial, ter marcado “uma reunião com os juízes integrantes do colegiado, inclusive com a presença de Braga Neto, e, ao sair da sala, deu de cara com Hugo Soares Braga, visivelmente nervoso, aguardando para falar com o pai. A conversa durou horas entre os dois e resultou em uma ligação, do juiz, para o secretário de Ressocialização, Marcos Sérgio Freitas, agendando um encontro entre ambos com urgência”. “Renata informou ter recebido com surpresa a notícia, pois na reunião realizada mais cedo havia sido agendada uma reunião oficial com o secretário para o dia 6 de março de 2020, na qual seria tratada a questão das transferências de presos entre as unidades do sistema prisional”, destaca a Deic, prosseguindo: “A magistrada também foi informada que Braga Neto havia revelado a Marcos Sérgio a ideia da Execução Penal em transferir para a Seris o poder para organização dos presos em suas unidades e questionou se a investigação contra seu filho teria sido provocada pelo gestor, que demonstrou surpresa e desconhecimento do tema”.
SUSPEITAS
O diretor do Baldomero, em depoimento à polícia, teria confirmado a visita inesperada do magistrado à unidade e a informação de que o juiz teria dito que já sabia que estava sendo investigado pela Deic. Teria declarado ainda o gestor “que Braga Neto o questionou sobre a maneira como estavam ocorrendo as retiradas dos presos para depoimento, demonstrando, inclusive, conhecimento acerca de quais detentos seriam”. Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) disse que acompanhou os suspeitos presos para garantir que as prerrogativas fossem respeitadas, mas que não vai se pronunciar acerca das acusações. Informou ainda que a conduta dos membros será investigada no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da entidade.
HABEAS CORPUS
A assessoria do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) informou na manhã de sexta-feira (5), que mais um advogado, Ruan Vinícius Gomes de Lima, um dos suspeitos de envolvimento no esquema denunciado pela polícia, também conseguiu Habeas Corpus (HC) na Justiça. Na quinta-feira (4), outros dois advogados, Fidel Dias de Melo Gomes e Hugo Soares Braga, já tinham conseguido a medida judicial. Com exceção de Hugo, eles estavam reclusos desde quarta-feira (3), em uma cela especial no Presídio Baldomero Cavalcanti. Hugo, que estava foragido e se entregou na quinta, recebeu o alvará de soltura na delegacia e não chegou nem a subir para o sistema prisional.