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Nº 5897
Política Região do comércio, no Centro da capital, segue com os estabelecimentos fechados

EMPRESÁRIOS DISCORDAM DE MEDIDAS DE ISOLAMENTO SOCIAL

Diversos setores da economia alagoana pedem que o governador Renan Filho considere a reabertura já do comércio no Estado

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 13/06/2020 - Matéria atualizada em 13/06/2020 às 06h00

/Região do comércio, no Centro da capital, segue com os estabelecimentos fechados
/Guido Júnior, da Aliança Comercial, diz que empresários estão inquietos com as medidas

A paciência do setor comercial com as negociações feitas junto ao governo de Alagoas está chegando ao fim. Após mais de dois meses da crescente contaminação pelo novo coronavírus, empresários dizem que as discussões não evoluem. Pela meta do governo, a abertura só ocorre a partir do dia 22 de junho e a partir daí de forma programada. A informação consta do novo decreto anunciado na última quarta-feira. A Associação Comercial de Maceió reagiu à proposta afirmando que o setor acumula prejuízos de mais de R$ 400 milhões e propôs a antecipação em 15 dias de uma das fases da retomada econômica. O principal argumento é o de que os indicadores de saúde evidenciam que a curva de contágio teve queda de 2%, com tendência de cair ainda mais. A entidade apela para o fato do setor comercial estar parado há 135 dias e o de outros estados nordestinos já terem iniciado o processo de retomada econômica. A categoria se queixa ainda que as grandes empresas não foram contempladas com prorrogação do recolhimento de tributos. Continuam tendo custos sem ou quase nenhum lucro. “Até o presente instante, o Estado de Alagoas, nesses 82 dias de paralisação, já atingiu a marca de perda superior a R$ 400 milhões em sua arrecadação. Isso representa mais de uma vez a arrecadação total de um mês em Alagoas, quase 1,5 vezes a folha salarial do Estado, ou mesmo 5 hospitais do porte do Hospital Metropolitano, recém-inaugurado, que levou quatro anos para ser construído e entregue”, diz um dos trechos da nota da entidade. A nota fala ainda que o setor ficou insatisfeito e indignado, já que houve a construção de uma retomada sete dias antes, no dia 15. O setor quer que os prazos sejam reconsiderados. Pela proposta, a “Fase Laranja” seria deslocada para o dia 15 (segunda-feira), trazendo para a mesma data a autorização de funcionamento das atividades previstas para “Fase Amarela” (estudo apresentado pela Associação Comercial mostra que não há base técnica para segregá-las) e antecipando, por conseguinte, as “Fase Azul” e “Fase Verde” para as datas de 6 de julho e 20 de julho, respectivamente.

CENTRO

Os comerciantes do Centro de Maceió, que estão com a maioria das lojas fechadas, também reagiram ao comunicado governamental. O presidente da Aliança Comercial, Guido Júnior, foi enfático em destacar que ficou insatisfeito, já que havia apresentando propostas de negociação para o retorno desde o mês de abril. Como efeito revelou que a espera dos últimos 90 dias já fez alguns empresários anunciarem que vão fechar as empresas. “Tínhamos apresentado uma proposta desde abril e não houve retorno por parte do Estado. Estamos aí com 90 dias parados, um prejuízo enorme e alguns lojistas já sinalizaram que não vão voltar e vão fechar as lojas. Infelizmente o governo diz que está olhando o lado da saúde da população. Tudo bem. Mas também é preciso olhar para a saúde financeira das empresas. Diria que considero um absurdo esse tempo todo de fechamento. Há um agravante que a ajuda do governo federal só vai até julho. Ou seja, a partir daí as empresas irão ter que arcar com tudo porque não vai mais haver suspensão do contrato de trabalho”, disse Guido. Ele falou também que concorda com uma revisão nos prazos apresentados pelo governo. Disse, também, que as empresas estão preparadas para retomar as atividades. Segundo explicou, o funcionamento do Centro é fator decisivo, até mesmo para as lojas que já reabriram. Isto porque mesmo com a venda eletrônica ou por app de mensagem elas têm tido queda no faturamento de 60%. Com a experiência de quem conhece as ondas de consumo centrada em datas comemorativas, lembrou que a pandemia afetou as vendas do Dia das Mães e do Dia dos Namorados. Juntos, os dois períodos corresponderam, este ano, a uma perda de 80% do faturamento esperado para o período. “Para recuperar isso não iremos em menos de oito meses. É uma pena que o governo não olhe para as empresas”, concluiu Guido acreditando que as medidas de segurança e higiene adotadas por todos pode garantir a volta do comércio.

SETOR HOTELEIRO

Para os donos de hotéis, o decreto também precisa ser aperfeiçoado. Do jeito que está não ajuda em nada a retomada das atividades. Por isso, passaram a defender que bares e restaurantes e as barracas também possam reabrir. Segundo o presidente da Associação da Indústria Brasileira de Hotéis (ABIH), André Santos, quando o assunto é segurança eles conseguem ser mais exigentes do que outros estabelecimentos que já foram autorizados a abrir. “Defendemos a reabertura do comércio na fase laranja. Bares e restaurantes, bem como as barracas, têm tanto controle e bem mais que muitos que estão abertos já hoje. Poderíamos iniciar essa fase agora com 30% de ocupação e quando chegar na fase amarela para 60% e assim por diante”, diz.

CADEIA PRODUTIVA

Ele informou que os hotéis vão abrir em julho e por isso é fundamental para complementar o atendimento que os bares e restaurantes estejam abertos. André Santos lembrou que já existem reservas, o que garantirá fluxo e por isso precisará também de transfer e receptivos para atender aos turistas. “A ideia é também estabelecer também uma porcentagem de ocupação. Entendemos que pode ser 50%. O poder público precisa entender que precisa manter empresas, a saúde dos funcionários e outros. Não tivemos decretos diretamente para os hotéis, mas dependem de outras estruturas em funcionamento”, disse André Santos. Os dados de que dispõe, a partir de julho os vôos devem ser retomados, podendo chegar até oito deles para a capital. Consequentemente, a cidade já precisa demonstrar uma estrutura mínima para garantir o serviço neste setor da economia.

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