loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
terça-feira, 29/04/2025 | Ano | Nº 5955
Maceió, AL
33° Tempo
Home > Política

Política

MUDANÇA DE LOCAL DA BRASKEM DEVE SER EXPLORADA NA ELEIÇÃO

Relocalização da indústria petroquímica voltou a ganhar mais força por causa do Pinheiro e deve mobilizar pré-candidatos a prefeito

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Localizada à beira mar, planta da Braskem pode ser transferida até para uma área rural
Localizada à beira mar, planta da Braskem pode ser transferida até para uma área rural -

Os problemas geológicos causados por desmoronamento de poços de extração de sal-gema da Braskem, com afundamento do solo e rachaduras em edificações nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto e a saída de 6.5 mil pessoas da região provocam reações “indignadas”. Os problemas gerados pela empresa na capital não param aí. Não são apenas quatro, mas sete os bairros afetados pelo impacto negativo da presença da empresa na capital alagoana: fazem parte também da lista o Trapiche da Barra, Ponta Grossa e o trecho da enseada de Jaraguá. Juntando tudo isso, a população e autoridades de várias áreas, incluindo ambientalistas, políticos e integrantes do Ministério Público começam a se posicionar e a discutir a eventual transferência da planta industrial e das atividades de mineração para locais seguros e distantes das áreas urbanas, fora de Maceió. No âmbito político, o caso Braskem ganhou grande amplitude por se tratar de ano eleitoral, e deverá ser um dos principais temas das campanhas de candidatos a prefeito e a vagas na Câmara Municipal. Em tempo de debate sobre o futuro de Maceió, o momento é propício para se discutir com o eleitorado todos os aspectos (econômicos e ambientais) que cercaram no passado a implantação da indústria, os prós e os contras da permanência da indústria no Trapiche e resgatar a dívida contraída, ao longo de todos esses anos, com milhares de moradores e empresários prejudicados pelos efeitos da mineração e processamento da sal-gema na capital. Lá atrás, o regime de exceção impôs, na restinga do Pontal da Barra, a Sal-gema Indústrias Químicas S/A. Não se mediu a consequência negativa para a vida, nem foi avaliada a conservação do Sul de Maceió e seu ecossistema. Muito menos a repercussão futura na expansão urbana da cidade, em harmonia com o conceito de desenvolvimento sustentável. Faltou planejamento. Infelizmente, a fábrica nasceu sob o signo da controvérsia. Ao tempo que produz matéria-prima de alta importância para vida moderna e para a economia, manipula produtos de alto risco à vida humana e ao meio ambiente. Sobre o assunto, em 1986, o então deputado federal Fernando Collor foi taxativo: “O governo tem o dever de visar o bem comum e este nem sempre coincide com a procura incessante de lucro do capital. A localização da fábrica foi fruto de uma decisão, no mínimo, impensada”. Passou a Sal-gema e veio a Trikem, que foi incorporada pela Braskem. Nessa história de divisão de responsabilidades por tudo que aconteceu, vale destacar a histórica conduta leniente dos órgãos públicos e seus dirigentes com poder de decisão, que avalizaram a planta industrial naquela localidade. Com a paralisação da fábrica de cloro-soda e dicloroetano, desde 2019, e a desativação da mineração a 8 km dela, por causa dos problemas causados no Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, é de se pensar na possibilidade real de remanejamento dessa planta industrial do seio da cidade de Maceió. Como a sociedade receberia a iniciativa de um diálogo de alto nível entre a classe política alagoana, os acionistas e todas as esferas de poder, principalmente o governo federal, cuja Petrobras é dona de 47% das ações da Braskem? A defesa da transferência de atividades da Braskem não é nova. Começou nos anos 80. A reivindicação ganhou força com os problemas dos poços e nas minas da jazida de sal-gema. O Ministério Públicos Federal, Estadual, deputados federais, estaduais, vereadores ambientalistas, entidades comunitárias como S.O.S. Pinheiro e moradores dos bairros afetados afirmam que além da mineração, a implantação industrial nos ano 70 causou a desvalorização imobiliária nas enseadas de Jaraguá/Trapiche, no bairro da Ponta Grossa e problemas ambientais no Pontal da Barra. Presidente do PDT e pré-candidato a prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa era deputado nos anos 1980 e apoiou o projeto do então deputado Miguel Palmeira, que pretendia transferir a indústria para a região onde hoje é Polo Industrial de Marechal Deodoro. Ele diz que não há mais condições de ocorrer mineração em Maceió. Outros pré-candidatos como o deputado federal JHC (PSB) e o deputado estadual Davi Davino contabilizam os prejuízos urbanos causados pela indústria. O fundador do Movimento Pela Vida nos anos 1980, ambientalista e jornalista Anivaldo Miranda [atual presidente do Comitê de Defesa da Bacia do Rio São Francisco] diz que a empresa e os poderes constitucionais poderiam aproveitar este momento de crise “gravíssima” com problemas ambientais e num processo de “ganha-ganha na lógica capitalista”, trabalharem a transferência da fábrica para local adequado.

O deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), é outro que enumera os prejuízos causados a população, danos ao meio ambiente e lembra que a empresa foi instalada durante o regime da ditadura militar e com aval da “elite” alagoana. “A fábrica tem que ir para um local distante da área urbana e não pode ocorrer mais mineração em bairros da cidade”.

Os Ministérios Públicos Federal e Estadual ingressaram com ações e conseguiram acabar, definitivamente, com a extração do sal-gema em Maceió. A indústria, porém, conseguiu autorização federal, este ano, para buscar um novo local de exploração do minério distante das áreas urbanas. O Movimento S.O.S. Pinheiro e associações comunitárias dos bairros afetados dizem que “não tem mais sentido a fábrica e os poços da indústria do grupo Odebrecht permanecerem operando em Maceió.

Relacionadas