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Nº 5868
Política A Ufal começou o ano de 2020 com uma expectativa de dívida que soma R$ 10,3 milhões, sem contar a dívida do HU

CORTE DE 95% NO ORÇAMENTO AFETA PESQUISA NA UFAL

Até a manutenção de serviços básicos foram comprometidos com as perdas de recursos federais para a instituição na última década

Por thiago gomes | Edição do dia 29/08/2020 - Matéria atualizada em 29/08/2020 às 06h00

As perdas orçamentárias na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) na última década impediram uma série de investimentos e fizeram crescer uma dívida que fica cada vez mais longe de ser paga. A situação se complicou ainda mais nos últimos cinco anos quando o orçamento foi congelado. Somente neste período, a gestão da federal contabilizou uma redução drástica de 95% nas estimativas de custos para aplicação. Em 2015, o orçamento para investimento da Ufal estava na casa de mais de R$ 60 milhões. Em 2020, em termos ordinários, a previsão ficou em torno de R$ 2,8 milhões, uma diferença bastante significativa, obrigando a direção da universidade a um esforço gigantesco para manter os contratos, cuja maioria é de custeio. No Brasil, a redução global do orçamento para investimento nas instituições federais de ensino superior foi de 73% nos últimos 10 anos, comprometendo a construção de laboratórios, equipamentos de informática e obras em geral, por exemplo, considerando a variação do índice inflacionário. O prejuízo em 10 anos reteve bastante os recursos, principalmente ao considerar o ponto de vista econômico, que não houve deflação dos valores, justamente por conta do congelamento de orçamento vigente. O cenário é preocupante porque o Governo Federal já anunciou corte de 18,2% para todas as universidades federais, no ano que vem. O pró-reitor de Gestão Institucional da Ufal, Renato Miranda, informa que a contenção prevista para 2021 alcança todo o orçamento de capital de custeio, excluindo as despesas obrigatórias, a exemplo da folha de pessoal e vai implicar numa dificuldade muito grande em despesas para investimentos, especialmente para o custeio da universidade, como pagamento de despesas básicas. “A Ufal começou o ano de 2020 com expectativa de dívida de R$ 10,3 milhões, sem contar a dívida do HU [Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes]. Com o corte, a expectativa é que a dívida aumente ainda mais para a universidade, que já está com muita dificuldade de rolar o débito e pagar os fornecedores”, conta. Segundo ele, serviços básicos como segurança institucional, energia elétrica, água, serviços de internet, combustível, manutenção predial e, especialmente, a assistência estudantil, como o restaurante universitário, bolsas de financiamento de pesquisa e extensão, podem ficar bastante comprometidos, a partir do ano que vem, se o corte for concretizado. “Neste quesito, há uma real ameaça destas atividades ficarem prejudicadas, uma vez que a universidade já extrapola, hoje, o limite do orçamento para as despesas. Há um risco de fazermos uma série de adequações no orçamento que já não cabem”. Apesar do dano iminente, tudo vai depender do processo de elaboração do orçamento, que começa agora no Congresso Nacional. O plenário vai discutir a proposta de lei orçamentária e verificar as possíveis modificações que podem ocorrer até o ano que vem. “Vindo os cortes, a universidade vai ter que sentar e analisar, na situação contratual, quais os ajustes que podem ser feitos”, avisou o pró-reitor. E adiantou que a pesquisa e extensão seriam as mais afetadas com a supressão, muito embora boa parte da verba captada na pós-graduação venha das agências de fomento. “Mas, esta área também é financiada pela própria universidade pelo orçamento de custeio, como as bolsas de iniciação científica e de extensão. Logo, a ida aos locais de pesquisa e extensão ficariam bem comprometidas. E esta área demanda cada vez mais investimento, levando em consideração que a Ufal expandiu o seu tamanho nos últimos anos”. Mesmo com os cortes e o congelamento do orçamento, a Universidade Federal de Alagoas praticamente dobrou de tamanho na última década, passando a dar conta de 145 edifícios em todo o Estado. Renato Miranda diz que as despesas de custeio só aumentaram neste período sem o aporte necessário para manter a estrutura.

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