Além de buscar recursos em Brasília para manter as promessas de campanha e incentivar os contribuintes a recolherem os impostos em dia, a outra missão difícil do prefeito eleito João Henrique Caldas (PSB) será resgatar a disposição e o estímulo da maioria dos oito mil servidores efetivos a partir de 1º de janeiro. As categorias já entregaram o diagnóstico dos motivos da desmotivação dos oito mil servidores. Os líderes das categorias afirmam que sofreram “oito anos de perseguição”. Reclamam de débitos nos pagamentos de gratificações de insalubridade, progressões, anuênios e outras que representam R$ 50 milhões (50% da folha) a mais no orçamento municipal. Um dos principais críticos é o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Prefeitura de Maceió, Sidney Lopes. “Algumas categorias lutam para receber o piso salarial, como os agentes de saúde e de combate às endemias. Sofremos há oito anos de perdas salariais e de precárias condições de trabalho. Por isso a desmotivação da nossa categoria”. Sidney Lopes disse que os servidores darão 100 dias de trégua ao novo prefeito eleito.
“Sabemos que a prefeitura está destroçada. Por isso, temos que esperar e depois ouvir a proposta de JHC para regularizar a nossa situação”.
A Prefeitura de Maceió tem 14 mil servidores, dos quais seis mil são inativos e oito mil ativos efetivos. Segundo o secretário municipal de Economia, Fellipe Mamede, a folha está em dia e custa R$ 100 milhões. O presidente do “Sindicatão” [por reunir todas as categorias] confirma a informação. Acrescenta, porém, que além das perdas de vantagens salariais garantidas em lei, os servidores enfrentam a desvalorização funcional e o “inchaço” em todos os setores. “Na saúde, por exemplo, não tem mais eleições democráticas para os diretores dos postos. O cargo é entregue a políticos conhecidos. Alguns chegam a dizer que são donos dos postos de saúde da periferia”, disse. A desmotivação é tanta que o sindicalista afirmou que “o prefeito finge que está nos pagando integralmente e fingimos que estamos trabalhando integralmente”. Ao ser questionado quais os setores mais penalizados com a desmotivação funcional, Sidney Lopes não vacilou em responder: “todos”.